Fonte: https://pt.slideshare.net/josiebonel/aula-digestivo-4-2010-1
A
mucocele salivar consiste em um pseudocisto, que pode ser grande ou pequeno,
preenchido por líquido (saliva), resultante do extravasamento da glândula
salivar ou de seu ducto. As glândulas salivares são divididas anatomicamente em
maiores e menores, sendo as primeiras representadas pela parótida, zigomática,
mandibular e sublingual e as menores pela lingual, labial, bucal e palatina. A
mucocele ocorrerá em diferentes regiões, dependendo da glândula envolvida
(Figuras 1, 2 e 3). A saliva possui função de proteger a mucosa, mantendo a
umidade bucal e facilitando a deglutição e a digestão dos alimentos. Também age
na defesa contra micro-organismos orais por possuir alta concentração de
imunoglobulinas.
Este
pseudocisto não é revestido por epitélio, possuindo parede fina, por onde a
saliva penetra. A saliva estimula a formação de uma parede fina de tecido de
granulação. Pode medir 1 cm ou menos, e este pode passar desapercebido. Quando
possui tamanho maior, pode causar o deslocamento da língua e até obstruir a
cavidade oral.
São
várias as causas que levam à formação da mucocele, tais como traumatismos na
mucosa da bochecha ou na superfície ventral da língua, causados por mastigação
de alimentos ou objetos muito duros e/ou ásperos, ou pode ter origem
idiopática. Processos neoplásicos ou inflamatórios também podem levar ao
aparecimento da mucocele.
A
mucocele salivar é classificada de acordo com a sua localização como: mucocele
cervical, mucocele sublingual, mucocele faríngea, mucocele zigomática e
mucocele complexa (HEDLUND, 2002). A mucocele cervical é um acúmulo de saliva
na parte profunda da região intermandibular ou da região cervical superior, enquanto
a mucocele sublingual (rânula –por se parecer a “barriga” de uma rã) é formada
na região sublingual, a mucocele faríngea formada no tecido adjacente à faringe
e a mucocele zigomática na parte ventral da região do globo ocular e a mucocele
complexa é composta por dois ou mais tipos de mucocele (HEDLUND, 2002).
Rânula
é um termo usado em algumas espécies, para referir-se especificamente à
mucoceIe que se origina da glândula salivar sublingual (rânula – por se parecer
a “barriga” de uma rã).
Figura 1 – Glândulas
salivares no cão
Fonte:
http://www.smile4pets.com.br/vetsservices/doencas-das-glandulas-salivares/
Figura 2– Glândulas
salivares no cão
Principais glândulas
salivares no cão:
1-Parótida; 2-Mandibular;
3-Sublingual e 4-Zigomática
Fonte:
http://slideplayer.com.br/slide/355355/
Figura 3 – Glândulas
salivares no gato
Principais glândulas
salivares no gato:
1-Parótida; 2-Mandibular;
3-Sublingual; 4-Zigomática e 5-Molar
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/355355/
Manifestações clínicas –
Os
sinais clínicos surgem conforme a localização. Quando cervical, é notado um
aumento de volume externo na área ventral do pescoço, de tamanhos variados;
quando sublingual, poderá apresentar uma preensão alterada e sangramento oral,
ocasionando trauma durante a mastigação; na faríngea, ocorre a angustia
respiratória e disfagia; na área orofaríngea pode ocasionar um inchaço
dificultando os movimentos da língua e podendo interferir na alimentação e
respiração e na área zigomática ocorre o inchaço na aérea orbital, podendo
causar exoftalmia e estrabismo divergente.
Os
animais também podem ser assintomáticos ou apresentarem, além dos sinais acima
citados, ptialismo, salivação, deslocamento da língua e dificuldades para se alimentarem.
Diagnóstico –
É
feito através de anamnese, avaliação clínica e citologia aspirativa e de massa.
Na citologia aspirativa, realizada com agulha fina (30 mm x 0,7 mm ou 22g) – CAAF*,
geralmente é encontrado muco na cor amarelo-palha, ouro ou sanguinolento,
viscoso, espesso e com aspecto de saliva. Este tipo de citologia recolhe
material representativo de lesões profundas.
*CAAF –
Citologia Aspirativa por Agulha Fina
Fonte:
http://www.santelaboratorio.com.br/anatomia-patologica-necessidade-para-um-correto-diagnostico-2/
Na
citologia de massa (biópsia), geralmente encontram-se muitos macrófagos
vacuolizados e neutrófilos.
Diagnóstico
definitivo –
Coloração
com ácido periódico de Schiff (PAS) – é uma técnica usada na patologia e na
histologia, principalmente para a coloração de estruturas que contenham uma
alta proporção de carboidratos, geralmente encontrados em tecidos conjuntivos,
muco e membranas basais.
Pode ser usada para distinguir doenças de estocagem de
glicogênio. O glicogênio e as mucinas são os dois maiores componentes dos
hidratos de carbono. Algumas mucinas que contêm mucinas neutras na sua composição
são potencialmente positivas ao PAS. As substâncias PAS-positivas coram de cor
magenta.
Exemplo de coloração com
ácido periódico de Schiff (PAS)
Fonte: https://www.leicabiosystems.com/pt/preparacao-das-amostras/corantes-especiais/detalhes/product/leica-periodic-acid-and-schiff-special-stain-kit/
Tratamento
–
Há várias
sugestões de tratamento para a mucocele, entre eles:
·
Ressecção
das glândulas mandibulares e/ou sublingual e ductos;
·
Drenagem
da mucocele cervical;
Drenagem de mucocele
cervical
Fonte:
http://www.pictame.com/user/medicinaveterinariabrasil
·
Incisão
ventral cervical; dreno por 2 a 3 dias
·
Bandagem
frouxa *
·
Drenagem
de rânula
·
Masurpialização
(incisão elíptica, sutura em tecido adjacente) **
·
Contração
e cicatrização da rânula
* utilizada
após cirurgia, para proteção e estabilização.
**técnica
de tratamento de certos quistos em que, após a drenagem do seu conteúdo, as
paredes do quisto são suturadas à pele, mantendo-se a incisão aberta até a sua
completa cicatrização, por progressiva granulação dos tecidos.
Geralmente,
o recomendado é a extirpação cirúrgica das glândulas, pois é comum haver
recidiva nos casos de drenagem. São administrados anti-inflamatórios, analgésicos
e antibióticos.
Não
medique o animal!!!
Ele deve
ser levado a uma clínica veterinária quando apresentarem quaisquer sinais ou
sintomas descritos acima. O tratamento correto será indicado pelo médico
veterinário.
Referências
–
William W.Carlton; M. Donald McGavin. 1998. Patologia Veterinária Especial de Thomson, 2ª edição. Editora
Artmed, Porto Alegre.
http://www.smile4pets.com.br/vetsservices/doencas-das-glandulas-salivares/
https://www.leicabiosystems.com/pt/preparacao-das-amostras/corantes-especiais/detalhes/product/leica-periodic-acid-and-schiff-special-stain-kit/
http://www.fciencias.com/2014/06/26/tecnicas-de-coloracao/
https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2014/XIX%20SEMIN%C3%81RIO%20INTERINSTITUCIONAL%202014%20-%20ANAIS/GRADUACAO/Resumo%20Expandido%20Agrarias%20Exatas%20e%20Ambientais/MUCOCELE%20CANINO%20RELATO%20DE%20CASO.pdf
http://www.santelaboratorio.com.br/anatomia-patologica-necessidade-para-um-correto-diagnostico-2/
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/marsupializa%C3%A7%C3%A3o
file:///C:/Users/renat/Desktop/MV/LIVROS/revista_educacao_continuada_vol_12_No_2_2014.pdf