É a inflamação da camada média do olho (trato
uveal), formada pela íris, pelo corpo ciliar e pela coroide. Pode ocorrer,
também, inflamação da retina, do nervo óptico, do vítreo e da esclera.*
Ilustração da anatomia do
olho
Fonte: http://www.visaoanimal.com.br
*As estruturas do olho estão relacionadas no
texto ANATOMIA E FUNÇÃO DO OLHO - https://bemestaranimalvet.blogspot.com/b/postpreview?token=q9F8o2UBAAA.Z2XhtJJNbqx7FILc0fo7q3GCOq9KVn5gLRmxVnnB7h8K1RPARS8dgd716RQ8e5Jn4CPavAFExFccs_XtwKDclQ.aNg5aepWd5btKPywfd0Btw&postId=1567927507007898900&type=POST
Dependendo do local da
inflamação, a uveíte pode ser classificada em:
- Uveíte anterior (ou clássica) – irite, iridociclite - acomete a íris
e/ou o corpo ciliar, devido a traumatismos, bactérias, vírus, neoplasias, entre
outras causas. O animal pode apresentar miose (constrição da pupila),
lacrimejamento excessivo, edema na íris, córnea com aparência turva,
sensibilidade à luz.
- Uveíte
intermediária (ou insidiosa) – pars planite
– é causada por um aglomerado de células inflamatórias na cápsula
posterior da lente e/ou na porção anterior do corpo vítreo. Frequentemente é
causada pela inflamação intraocular secundária ao vírus da imunodeficiência
felina (FIV).
- Uveíte posterior – coriorretinite (inflamação
da retina e da coroide), retinite
e coroidite.
Tipos de uveítes
Fonte:
https://dicaspeludaswordpress.files.wordpress.com/2011/09/666872825.jpg
Cães
–
A uveíte canina pode acometer qualquer cão,
independente de idade e sexo, mas tem maior ocorrência em cães entre 2 e 3 anos
de idade. Pode ocorrer por ação de fungos (Blastomices),
protozoários (Neospora, Leishmania), bactérias (Leptospira), vírus e parasitas. Pode,
também, ocorrer pelo aumento patológico dos lipídios ou proteínas em
circulação, hipertensão, traumas no olho, toxemia, lesões na córnea e doença
periodontal. Em algumas raças, como Golden Retrievers, pode ocorrer por quistos
na íris.
A uveíte pode ocorrer por forma idiopática, quando
há invasão de células inflamatórias (autoimune), por síndrome uveodermatológica
ou por reação pós vacina.
Uveíte em cão
Fonte: https://dicaspeludas.blogspot.com/2011/09/olhos-vermelhos-em-caes-e-gatos-fique.html
Gatos
–
A uveíte felina,
apesar de aparecer em qualquer idade e sexo, tem maior frequência em machos,
entre os 7 e 9 anos de idade. Na maioria dos casos não é possível identificar a
causa, mas geralmente ocorre por traumas, neoplasias (linfomas ou melanoma da
íris), fungos (Blastomices) ou
doenças infecciosas, tais como toxoplasmose (Toxoplasma gondii), peritonite infecciosa felina (FIP), bartonelose
(Bartonella henselae), vírus da
imunodeficiência felina (FIV), herpesvírus-1 felino (FHV-1) e vírus da leucemia
felina (FeLV).
Uveíte em gato
Fonte:
http://caldnovian.blogspot.com/2013/07/uveite-felina-doencas-em-gatos.html
Equinos –
A uveíte recorrente equina (URE), também conhecida
como oftalmia periódica e cegueira da lua, é uma inflamação da
camada vascular que compõe o bulbo ocular (úvea ou trato uveal). As possíveis
causas para o surgimento da inflamação podem ser traumatismos (diretos ou
perfurantes), como também em decorrência de outras doenças (adenite equina,
brucelose) e outros agentes patológicos (Leptospira
interrogans e a microfilária do nematoide Onchocerca cervicalis).
Uveíte em equino
Fonte:
https://cavalus.com.br/saude-animal/uveite-recorrente-equina-cegueira-da-lua
Quando não é tratada devidamente,
pode causar catarata, glaucoma, Phthisis bulbi* e cegueira.
O prognóstico de equinos com URE
geralmente é desfavorável,
dependendo do diagnóstico, tratamento e do acompanhamento do caso, sendo uma
patologia com episódios recidivos.
Phthisis
bulbi* - Phthsis bulbi ou atrofia
ocular, também conhecida como fase final dos olhos, é um globo ocular atrófico
cicatrizado e desorganizado que pode resultar de uma variedade de insultos
oculares graves.
Anamnese e exames –
Durante a anamnese, observa-se a presença de dor
(causada pela luz – fotofobia), blefaroespasmo, epífora, vermelhidão, córnea
azul ou esbranquiçada e dificuldade visual.
Durante o exame físico, há desconforto ao contato,
edema corneal e iridiano, hiperemia, congestão ciliar, baixa pressão
intraocular, miose, hipópio*, hifema
e exsudação fibrinosa.
Quando há cronicidade da doença, pode o animal
pode apresentar catarata e glaucoma secundários e hiperpigmentação de íris.
Caso o animal apresente alterações bilaterais,
recomenda-se exames clínicos, tais como hemograma, bioquímica sérica, urinálise
e radiografia. Exames citológicos são indicados em casos de neoplasias, e
cultura quando há suspeita de infecções bacterianas. Ainda recomenda-se avaliar
a dosagem dos níveis de imunoglobulinas em suspeita de leptospirose ou
toxoplasmose.
*hipópio - presença e acúmulo de
pus na câmara interior do olho, achado clínico comum em processos inflamatórios
e infecciosos que acometem a córnea, úvea e outras estruturas oculares.
Quadro severo de uveíte
anterior em equino, resultando em hipópio na câmara anterior.
Fonte: VeterianKey
Fonte:
http://informativoequestre.com.br/hipopio-em-equinos/
Sinais e sintomas –
A inflamação ocorrente pode desencadear muitos
sinais clínicos e sintomas. Pode-se observar miose no olho afetado, inchaço da
íris, estrabismo, olho vermelho, protusão da terceira pálpebra, secreção ocular
líquida ou mucosa, córnea turva ou com vasos sanguíneos (vascularização), bleferoespasmo
e epífora (lacrimejamento).
O animal pode mostrar desconforto em contato com a
luz (fotofobia), bem como a perda da visão (cegueira), mas esta pode não ser
notada caso o outro olho estiver com a visão normal. Também pode apresentar catarata,
olho inchado devido a glaucoma e luxação da lente.
Diagnóstico –
O diagnóstico é feito através dos achados na
anamnese e nos exames físico e clínico.
Dentre os diagnósticos diferenciais estão:
glaucoma, episclerite ou esclerite, conjuntivite, ceratite não ulcerativa, Síndrome de Horner*.
*Síndrome de Horner (SH) – conjunto de sinais neuro-oftálmicos que surgem após a
interrupção ou perda da inervação simpática para o globo ocular e seus anexos, de
um ou ambos os olhos, causando anisocoria (com miose no olho afetado), protusão
da terceira pálpebra, ptose palpebral e enoftalmia. A miose é a manifestação
clínica mais evidente.
Gato apresentando Síndrome
de Horner
Fonte:
http://oftalmologiavet.blogspot.com/2013/04/sindrome-de-horner-em-caes-e-gatos.html
Tratamento –
É escolhido conforme o grau em que a injúria se
encontra. Em casos de uveíte simples, o tratamento pode ser feito em casa, sem
necessidade de internação e cirurgia. É receitado esteroides tópicos (colírios),
como a prednisolona. Também pode ser aplicado por um médico veterinário
diretamente na conjuntiva do olho.
Em casos de uveítes mais graves pode-se sugerir
cirurgia para tratamento das causas primárias, tais como remoção da lente,
correção do glaucoma secundário, enucleação (remoção do olho) quando há cancro
da íris ou glaucoma secundário grave. Recomenda-se a administração intravenosa
de dexametasona em cães, para reduzir o influxo de proteína para o humor
aquoso. Quando combinada à flunixin meglumine, o efeito é potencializado.
Recomenda-se, ainda, o uso de anti-inflamatórios
não esteroides, como o diclofenaco. Não é indicado o uso de esteroides, pois
este pode potencializar as infecções existentes por causar imunossupressão.
Quando há necessidade de uso prolongado ou altas
doses de imunossupressores, indica-se o uso de antibióticos como método
profilático, como o cloranfenicol, por possuir eficiente penetração na córnea.
Para reduzir a dor e
reduzir a produção lacrimal, usa-se atropina (uso tópico) para dilatar a
pupila. A aplicação oral pode causar salivação.
Para o bem-estar do animal, é recomendado manter o
animal longe da luz forte, para reduzir a dor.
O prognóstico da uveíte é reservado,
dependendo da resposta ao tratamento e da doença causadora. Em doenças
tratáveis, como a toxoplasmose nos gatos, o prognóstico é bom. Nos cães, o
prognóstico é reservado.
As complicações que poderão acontecer em decorrência da uveíte são:
glaucoma e catarata secundários, luxação da lente, descolamento de retina, íris “bombé”*, perda de tecido do globo
ocular e complicações sistêmicas, podendo levar o animal a morte.
*Iris “bombé” – alteração na forma da
íris, que pode levar a alterações estruturais no "filtro natural" do
olho e aumentar a pressão intraocular.
Íris “bombé”
Fonte: http://mimvet.blogspot.com/2015/02/mcac-i-atlas-de-oftalmologia.html
Sempre
procurar a ajuda de um médico veterinário, que saberá a dose correta dos
medicamentos e o tempo ideal a serem administrados.
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Referências –
https://dicaspeludaswordpress.files.wordpress.com/2011/09/666872825.jpg
https://omeuanimal.com/uveite-canina-uveite-felina/
http://caldnovian.blogspot.com/2013/07/uveite-felina-doencas-em-gatos.html
https://cavalus.com.br/saude-animal/uveite-recorrente-equina-cegueira-da-lua
https://www.researchgate.net/publication/282976440_Uveite_Recorrente_Equina_-_Revisao_de_Literatura_Equine_Recurrent_Uveitis_Literature_Review
https://ceospoftalmologia.com/uveites/
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/11428/1/2015_RachelLouiseAutranLourencoTeixeiraNeto.pdf
https://www.passeidireto.com/arquivo/31072506/manual-de-oftalmologia-veterinariapdf
http://informativoequestre.com.br/hipopio-em-equinos/
http://www.spenzieri.com.br/2012/11/27/phthisis-bulbi/
http://bahr-bituricos.blogspot.com/2007/12/sndrome-de-horner-em-pequenos-animais.html