Fonte:
https://www.espacocao.com.br/catarata
A catarata é uma opacidade (turvação progressiva)
no cristalino, que interfere na absorção da luz que deveria chegar até a
retina. Esta opacidade ocorre devido a pouca oxigenação e, consequentemente,
maior entrada de água no cristalino.
O
cristalino é a lente responsável por dar foco à imagem.
Fonte:
http://www.compuland.com.br/oftalvet/catarata.htm
Cristalino (lente)
Fonte:
https://www.martinezdecarneros.com/sinequia-ocular-que-es-tipos-y-tratamiento/
O cristalino possui uma cápsula anterior e uma
posterior ambas parecidas com celofane. Nos cães, é uma lente biconvexa com
pouco poder de acomodação, ou seja, possui baixa capacidade de focar
objetos a distâncias variadas.
Desenho esquemático
demonstrando a acomodação da lente
Fonte:
http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html
O poder de acomodação no cão é pouco desenvolvido
[cerca de 1 a 2 dioptrias* (D)],
sendo que em um humano adulto jovem é cerca de 10 D. Com o passar da idade
(cerca de 40 anos para humanos), há perda do poder de acomodação devido à perda
de elasticidade do cristalino. Geralmente, nos humanos, a potência do cristalino
aumenta de 19 para 30 dioptrias na acomodação.
Dioptria*: unidade de medida que se
refere ao poder de refração das lentes em um sistema óptico. Isto é equivalente
ao “grau” dos óculos para os humanos, sendo que 1 grau é igual a 1 D.
Algumas causas de catarata incluem: defeito
genético, inflamação intraocular, doenças da retina, traumatismos, diabetes nutricional,
tóxica e senilidade. Muitas cataratas são congênitas, ou seja, estão presentes
desde o nascimento do animal.
Quanto a localização, pode ser: capsular,
lenticular, cortical ou nuclear, anterior, posterior, equatorial, polar ou
zonular. Podem se desenvolver em apenas um olho (unilateral) ou em ambos
(bilateral).
Catarara unilateral em gato
Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/cataratas-nos-gatos-sintomas-e-tratamento-20637.html
Quanto
a idade, podem ocorrer por diferentes motivos (não é uma regra):
Até 2 anos (no cão)
|
- congênita ou hereditária, sendo que a
congênita pode ser deflagrada pelo estado materno (infecção, toxemia, etc)
|
De 2 anos até 5 ou 6 anos (espécie não especificada)
|
- cataratas juvenis (hereditária, diabetogênica,
traumática, etc)
|
De 6 anos em diante (no cão) e em 20 anos
(cavalo)
|
- cataratas senis
|
A catarata é uma das causas mais frequentes da
perda da visão em cães, sejam mestiços ou de raças puras.
Raças predispostas a ter cataratas hereditárias: Afghan
Hound, Beagle, Cavalier, Cocker Spaniel, Golden Retriever, Husky Siberiano, Labrador
Retriever, Old English Sheepdog, Pastor Alemão, Pointer, Poodle Toy e Miniatura,
Schnauzer Miniatura, Setter Irlandês, Welsh Corgi, West Highland White Terrier.
A catarata em gatos ocorre com menos frequência e
está relacionada principalmente com o envelhecimento, inflamações intraoculares
ou diabetes.
Tipos de catarata –
Fonte:
https://dicaspeludas.blogspot.com/2012/12/esclerose-ou-catarata.html
Catarata
incipiente:
ocorre opacificação focal do cristalino ou sua cápsula, onde ocupa de 10 a 15%
da área envolvida. Há reflexo tapetal. Apresenta-se
na forma de pequenos pontos ou vacúolos no córtex ou no núcleo do cristalino. O
animal acometido não demonstra comprometimento visual.
Catarata
imatura:
pode ocorrer em áreas de densidade variadas e a opacifidade é mais ou menos
difusa. O reflexo tapetal está presente, mas pode haver comprometimento da
visão. O grau de opacificação do cristalino pode variar de 10 a 80%. O cristalino apresenta aspecto “inchado” devido ao
aumento de tamanho, que ocorre pela embebição das fibras do córtex por fluido.
Catarata
madura: o
cristalino se torna inteiramente envolvido e intumescente. A opacificação é densa
e total, uniforme e esbranquiçada, também chamada de opacificação leitosa. Não
há reflexo tapetal, nem visão. Pode ocorrer glaucoma secundário pelo aumento de
volume do cristalino. Nesta fase, o cristalino apresenta um grau do
opacificação maior que 80%. Para este tipo de catarata, a cirurgia é
recomendada.
Catarata madura em cão da
raça poodle (A) e catarata madura em gato da raça persa (B)
Fonte:
http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html
Catarata
hipermadura:
estágio onde a doença está muito avançada; o cristalino apresenta tamanho
reduzido, pois a proteína deste sofre liquefação e pode extravasar através da
cápsula. O reflexo tapetal se apresenta obscurecido e a visão é ausente. Pode
haver cristais no interior do cristalino.
Sinais –
O animal pode apresentar diferentes sinais, tais
como passos anormalmente elevados, insegurança na hora de caminhar, tropeços,
perde a noção de distância, não reconhece os familiares, apresenta olhos
anormalmente úmidos e vermelhos, pálpebras cerradas. Pode haver mudança na
coloração dos olhos, no tamanho e na forma da pupila.
Diagnóstico –
Após exames com amostras de sangue e urina para
determinar o estado geral da saúde do animal, o diagnóstico é dado através de
exame oftalmológico, onde é examinada a opacidade do cristalino, lacrimejamento
e pressão intraocular (PIO), bem como através de exame de fundo de olho.
Além disso, pode ser efetuada uma avaliação de
ultrassom do olho e uma prova de diagnóstico especial chamada eletrorretinografia
(ERG*), que detecta transtornos da
retina (pacientes com uma boa resposta elétrica da retina podem voltar a
enxergar após a remoção cirúrgica da catarata).
-
Diagnóstico diferencial: esclerose
da lente (que ocorre em torno dos 8 anos praticamente em todos os cães).
ERG* - exame oftálmico não
invasivo e indolor, que capta a resposta elétrica produzida pelas células da
retina quando estimuladas pela luz. Esta resposta elétrica gera um gráfico, o
que nos possibilita mensurar a função da retina. É realizado após aplicação de
colírio anestésico, onde é posicionada uma lente de contato com eletrodos sobre
a córnea.
Eletrorretinografia (ERG)
Fonte:
http://www.oftalmologianimal.com.br/2015/06/eletrorretinografia-em-caes-e-gatos-o.html
Tratamento –
Não existem medicações confiáveis capazes de
tratar cataratas, pois não impedem a progressão das opacidades do cristalino. O
tratamento é cirúrgico.
Algumas técnicas cirúrgicas existentes para
tratamento das cataratas são: aspiração/dissecção, intracapsular, extracapsular
e FE.
A técnica mais eficaz utilizada é a FE, onde um aparelho é inserido no
interior do olho por uma incisão de 3 mm, com o auxílio de microscópio
cirúrgico. O aparelho emite vibrações
ultrassônicas que destroem o cristalino, pulverizando-o e aspirando-o. O tempo
da cirurgia é reduzido e a recuperação do animal é rápida (quando não há
problemas secundários).
Podem ocorrer complicações em aproximadamente 10 %
dos casos, incluindo glaucoma pós-operatório, sangramento secundário, descolamento
de retina, infecção e inflamação (que pode se tornar crônica).
O pós-operatório exige cuidados, como respeitar os
horários das medicações prescritas e não permitir que o animal tenha alcance ao
olho, para não causar ruptura dos pontos dados (sutura) e provocar infecções
através das unhas. Também serão necessárias consultas periódicas para avaliar a
recuperação do animal.
É importante dar atenção à alimentação do animal
com o passar dos anos, incluindo vitaminas E e C (antioxidantes), legumes e
vegetais. Pode ser incluído o betacaroteno, que é convertido em vitamina A no
organismo.
Aves –
Catarata em ave
Fonte:
https://www.facebook.com/772740992823616/photos/a.792596874171361.1073741829.772740992823616/1312983805465996/?type=3&theater
As aves perdem qualidade de vida quando
impossibilitadas de enxergar.
A catarata pode surgir da mesma forma que nos
outros animais, ou seja, congênita, juvenil, senil, traumática, hereditária, ou
deficiência de vitamina e exposição continuada a algumas luzes artificiais.
Por exemplo, uma deficiência em vitamina E no pai
pode levar ao nascimento de um filhote cego. E a vitamina A é necessária para a
pigmentação adequada e lacrimejamento dos olhos.
O tratamento é cirúrgico, mas apresenta riscos
anestésicos e durante o procedimento devido ao tamanho da ave e ao tamanho do
globo ocular (em aves pequenas).
A técnica cirúrgica depende do tamanho da espécie. Aves maiores, podem passar pela FE. Aves de tamanho intermediário precisam de cirurgia por
técnica de irrigação e aspiração bi manual. Nestes
casos, uma capsulorexis* é praticada.
Em aves pequenas, é utilizada uma técnica de pressão/contra-pressão, onde
apenas a função irrigação é utilizada, e, após a destruição da pequena cápsula
anterior, fragmentos do núcleo são expulsos através da incisão única.
capsulorexis* - A capsulorrexe ou
capsulorrexia, também conhecida como capsulorrexe curvilínea contínua, é uma
técnica iniciada por Howard Gimbel, usada para remover a cápsula do cristalino
do olho durante a cirurgia de catarata por forças de cisalhamento e estiramento.
A recuperação cirúrgica é mais leve do que em
outras espécies. São utilizados antibióticos e anti-inflamatórios em forma
local e oral. De um modo geral 15 dias são suficientes para a recuperação
total, e os animais já se encontram visuais, muitas vezes, imediatamente após o
procedimento.
Evitar a utilização de aves com problemas de
catarata para reprodução.
Equinos –
Catarata em equino
Fonte:
http://www.revistaveterinaria.com.br/2016/10/14/catarata-equina/
Diversos fatores podem levar o animal desta
espécie a ter catarata. O mais comum é ocorrer por traumas, que desenvolvem
inflamações oculares. Pode ser congênita e secundária a problemas do
metabolismo.
Nos equinos raramente envolve todo o cristalino,
não causando distúrbio funcional importante. Quando completas, entretanto, tendem
a levar à cegueira total.
O tratamento mais eficaz para equinos é a cirurgia
e, dentre elas, a FE.
As complicações mais comuns são uveítes
pós-operatórias, aumento de pressão intraocular (PIO) e contaminação por fungos.
Tanto animais jovens como idosos podem desenvolver
a doença.
Fonte:
http://anjo-de-quatro-patas.blogspot.com/2012/05/os-caes-e-gatos-so-enxergao-preto-e.html
Não medique o animal!!!
Ele deve ser levado a uma
clínica veterinária quando houver suspeita da doença. O tratamento correto será
indicado pelo médico veterinário.
Referências –
https://www.oftalmovet.com.br/doencas-oculares/catarata/
http://www.compuland.com.br/oftalvet/catarata.htm
http://petcare.com.br/blog/catarata-e-esclerose-de-cristalino/
http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html
https://meusanimais.com.br/a-cirugia-de-catarata-nos-caes/?utm_content=buffer0333a&utm_medium=social&utm_source=pinterest.com&utm_campaign=buffer
https://www.espacocao.com.br/catarata
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/oJqbzqQcqiejXtg_2013-6-26-10-50-31.pdf
http://www.oftalmologianimal.com.br/2015/06/eletrorretinografia-em-caes-e-gatos-o.html
http://www.anmedin.com/pt/20.html
https://www.revistanossoclinico.com.br/cirurgia-de-catarata-em-aves/
http://www.revistaveterinaria.com.br/2016/10/14/catarata-equina/
http://www.cepov.com.br/banco/trabalhos/00003_0009.pdf
https://www.infoescola.com/optica/dioptria/