Fonte: https://www.diagnosticoveterinario.com/sindrome-de-horner/2374
Síndrome de
Horner (SH) – conjunto de sinais neuro-oftálmicos
que surgem após a interrupção ou perda da inervação simpática para o globo
ocular e seus anexos, de um ou ambos os olhos, causando anisocoria (com miose
no olho afetado), protusão da terceira pálpebra, ptose palpebral e enoftalmia.
A miose é a manifestação clínica mais evidente, seguida pela ptose palpebral.
Não
existe uma causa única para a SH. Ela pode ocorrer em consequência de injúrias
em qualquer parte ao longo da inervação simpática para o olho, como trauma em
região cervical, osteotomia de ramo vertical da mandíbula para retirada de um
osteocondroma, linfoma, carcinoma de tireóide, colocação de tubo de drenagem
torácica, trauma em filhotes durante partos distócicos, entre outras.
Para
saber sobre esta síndrome e seu devido tratamento, é importante entender como
funciona o sistema nervoso e sua neuroanatomia.
De
acordo com o critério funcional de classificação, o sistema nervoso está
dividido em: sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV). A
porção eferente do SNV é denominada sistema nervoso autônomo (SNA), que é
subdividido em sistema simpático e parassimpático. Ambos possuem suas
atividades autonômicas controladas pelo hipotálamo e em alguns casos estas são
antagônicas (no olho, o sistema nervoso simpático gera dilatação da pupila - midríase,
e o parassimpático provoca a contração pupilar - miose).
O
sistema nervoso simpático do olho é formado basicamente por três grupos de
neurônios:
·
Neurônio de primeira ordem
(Pré-ganglionar)
·
Neurônio de segunda ordem
(Pré-ganglionar)
·
Neurônio de terceira ordem
(Pós-ganglionar)
Desenho representando a inervação simpática para os olhos e seus anexos.
De
acordo com a localização neuroanatômica da lesão primária, a SH pode ser classificada como:
1) de Primeira Ordem - Quando a lesão primária atinge o
neurônio pré-ganglionar de primeira ordem, tais como hipotálamo (trauma crânio-encefálico), tronco encefálico (síndrome vestibular central) e medula espinhal cervical - C1-C5
(doença do disco intervertebral cervical, trauma medular cervical)
2) de Segunda Ordem - Quando a lesão primária atinge o
neurônio pré-ganglionar de segunda ordem em algum ponto de seu trajeto, tais
como medula espinhal torácica cranial
- T1-T4 (espondilomielopatia cervical caudal, neoplasias), plexo braquial (avulsão), cadeia
simpática - mediastino cranial (timoma) e tronco braquiocefálico (feridas por mordedura, iatrogênico)
3) de Terceira Ordem - Quando a lesão primária atinge o
neurônio de terceira ordem (pós-ganglionar), ocasionada por síndrome vestibular periférica (as
fibras nervosas simpáticas para os olhos passam pela orelha média), neoplasias
e pólipos nasofaríngeos e por abscessos retrobulbares.
Sinais clínicos –
Qualquer lesão que ocorra ao longo desta via pode
interromper a inervação das quatro estruturas oculares envolvidas na síndrome:
1) Músculo dilatador da pupila – Promove midríase
(dilatação pupilar) mediante estimulação simpática (Ex.: medo) ou perante
diminuição ou ausência de estímulo luminoso. Causa anisocoria, com miose no
olho afetado.
2) Terceira pálpebra – A atividade simpática
normal mantém a terceira pálpebra retraída no canto medial do olho. Causa protusão
da terceira pálpebra.
3) Músculo de Müller – Compreende a musculatura
lisa localizada na pálpebra superior. Causa ptose palpebral.
4) Músculos lisos da órbita – O estímulo simpático
mantém o tônus da musculatura lisa periorbital, permitindo posicionamento
óptico normal dentro da órbita. Causa enoftalmia (retração do globo ocular em
sua órbita), devido a atonia do músculo liso periorbital.
Em alguns casos, pode ser observado um aumento da
temperatura da face e da região do pavilhão auricular externo.
A SH causada por lesão nos neurônios de primeira
ordem invariavelmente é associada com outros déficits neurológicos como ataxia,
paresia, plegia, deficiências visuais, alteração no estado mental e
envolvimento de outros nervos cranianos.
Cão com
avulsão do plexo braquial e síndrome de Horner do lado esquerdo. Note a miose,
discreta protrusão da terceira pálpebra e discreta ptose palpebral e enoftalmia
do lado afetado.
Fonte: http://oftalmologiavet.blogspot.com/2013/04/sindrome-de-horner-em-caes-e-gatos.html
Diagnóstico –
O diagnóstico da SH deve incluir exames físico,
neurológico, oftalmológico, otoscópico e exames de imagem. Os resultados das avaliações física e neurológica indicarão quais os outros testes diagnósticos
úteis na tentativa de definir o local e a causa da lesão.
Radiografias torácicas, cervicais e de coluna
devem ser realizadas, e exames de imagem avançados devem ser considerados
quando se suspeitar de lesões de primeira ou segunda ordem, para excluir a
presença de tumores cervicais ou mediastinais, que são causas comuns em cães e
gatos.
A técnica de testar a hipersensibilidade por
denervação utilizando fenilefrina é fácil, consistente e deve ser realizada em casos
onde a causa não pode ser determinada. Faz-se
com uma concentração diluída na proporção 1:10 de colírio de fenilefrina 10% para
10mL de solução fisiológica estéril em uma seringa. Aplica-se uma a duas gotas
da solução diluída nos dois olhos. No olho sadio essa solução não induz
dilatação pupilar. Em um olho que apresenta SH de terceira ordem, a dilatação
pupilar vai ocorrer em até 20 minutos após aplicação. Caso não ocorra dilatação
pupilar em até 20 minutos, a lesão é pré-ganglionar.
Prognóstico e tratamento -
A reversibilidade do processo está relacionada com
a causa e gravidade da injúria neurológica. Pela sua localização, lesões de
neurônio motor superior também são acompanhadas de outros déficits neurológicos
importantes, e tem um prognóstico pobre. Lesões que destroem o gânglio cervical
cranial são permanentes.
A acupuntura pode ser utilizada no tratamento de
SH idiopática, com resultado favorável.
Referências –
http://bahr-bituricos.blogspot.com/2007/12/sndrome-de-horner-em-pequenos-animais.html
https://www.passeidireto.com/arquivo/28016807/a-sindrome-de-horner
http://www.clinicadoctorvet.com.br/sindrome_horner_67.html