Fonte: https://www.tuasaude.com/estrongiloidiase/
A estrongiloidíase ou
estrongiloidose é uma doença parasitária intestinal, com prevalência em regiões
de clima quente (com temperatura que varia de 25ºC a 30ºC) e úmido, e solo
arenoso. O agente etiológico é o helminto Strongyloides
stercoralis. É um verme pequeno, de forma cilíndrica (nematódeos). Há 52
espécies de Strongyloides, sendo o Strongyloides stercoralis o mais comum
em humanos.
Fonte:
https://www.infoescola.com/doencas/estrongiloidiase/
As fêmeas habitam o intestino delgado e, por partenogênese,
liberam ovos na luz intestinal (põem ovos-clones, todos do sexo feminino, sem
fecundação por espermatozoide). Estes ovos eclodem, liberando larvas rabditiformes
(não infectantes), onde a maioria é excretada nas fezes. São quase
transparentes, medindo aproximadamente 2,2 a 3 milímetros. Uma fêmea adulta
pode viver até 5 anos no intestino, produzindo ovos e liberando larvas dentro
deste órgão.
Os machos habitam o solo (forma livre), alimentando-se de
detritos orgânicos por toda a vida. As larvas, neste caso, evoluem para larvas
filariformes infecciosas.
Larvas de tênia e
estrongiloide [Adaptado de Melvin, Brooke e Sadun, 1959]
Fonte:
http://www.worldgastroenterology.org/guidelines/global-guidelines/management-of-strongyloidiasis/management-of-strongyloidiasis-portuguese
Ocorre em locais onde as
condições sanitárias são precárias e onde há aglomerações humanas. Afeta o
homem e outros primatas, algumas espécies de aves, cães e gatos, com a liberação
das larvas no ambiente através das fezes. Isto faz desta doença uma zoonose, pois é possível o cão (por
exemplo) ser fator importante na epidemiologia da estrongiloidíase humana, não
só como reservatório, mas também como disseminador deste parasita.
Não é doença de notificação
compulsória.
Transmissão
–
https://www.tuasaude.com/estrongiloidiase/
A infecção ocorre por
penetração de larvas infectantes (filarioides) na pele intacta, de forma rápida
e indolor (pés descalços na terra ou areia molhadas). Geralmente ocorre a
penetração na área da pele mais fina dos pés). Ao atingirem a corrente
sanguínea, percorrem, através do lúmen das veias, até o coração, e deste vai
até o pulmão (se misturam ao muco e secreções respiratórias). Ali permanecem
até tornarem-se irritantes para o órgão. São expulsas para a faringe através da
tosse, onde são deglutidas, passando para o trato gastrointestinal. No
intestino, transformam-se em vermes adultos, que se alimentam do bolo alimentar
do indivíduo acometido e produzem os ovos.
Ciclo da estrongiloidíase
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822002000600016
Pode ocorrer autoinfecção
interna, onde algumas larvas rabditiformes se transformam em larvas
filariformes infecciosas, e entram novamente na parede do intestino, sem passar pela fase evolutiva no meio externo.
Também pode ocorrer autoinfecção externa, onde as larvas filarioides se
localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do
hospedeiro.
Outra forma de o indivíduo se infectar é através da
ingestão de água e alimentos contaminados com larvas ou fezes.
Há casos de infecção disseminada, onde o verme acomete
órgãos extra intestinais, como o sistema nervoso central, coração, trato
urinário, entre outros.
O período entre a contaminação e a liberação de larvas
pelas fezes, juntamente com o início dos sintomas, geralmente varia entre 14 e
28 dias. Sendo assim, o indivíduo acometido torna-se um potencial transmissor
por cerca de 1 mês.
Sinais e sintomas –
Ao penetrarem na pele, as
larvas podem provocar reações alérgicas, causando prurido, manchas vermelhas e
inchaço. Geralmente, estes sintomas desaparecem espontaneamente.
Ao ocorrer a migração das
larvas para os pulmões, o indivíduo pode apresentar manifestações pulmonares,
como dispneia, edema pulmonar (síndrome de Löefler), tosse seca e perfurações
nos alvéolos, estas causando alterações inflamatórias.
As manifestações
intestinais podem ser de média ou grande intensidade. Podem ocorrer diarreia,
dor abdominal e flatulência, náusea, vômito e dor epigástrica.
Quando há hiperinfecção,
podem ocorrer febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarreias
profusas e enterite (causa pontos ulcerados, podendo ocorrer invasão
bacteriana).
Podem, ainda, ocorrer
infecções secundárias, como peritonite, sepse, endocardite, meningite
(geralmente por enterobactérias e fungos).
Diagnóstico –
São
utilizados diversos procedimentos diagnósticos, sendo alguns deles o teste do
cordão, exame seriado de fezes, a aspiração duodenal e testes imunodiagnósticos
(IFA, IHA, EIA, ELISA).
O
diagnóstico laboratorial mais utilizado é o método de Baermann-Moraes*,
para detecção de larvas nas amostras fecais. Podem ser usados, também,
pesquisas de larvas nas secreções e coprocultura (nas fezes somente são
encontradas larvas rabditoides e não ovos, como em outras verminoses).
Fonte:
http://slideplayer.com.br/slide/8917646/
Em
casos de hiperinfecção, podem ser encontradas larvas filariformes nas amostras
fecais, no conteúdo duodenal, nas secreções e no lavado brônquico. Nas
radiografias de tórax podem ser encontrados infiltrados intersticiais difusos,
consolidações ou abcessos.
O
leucograma é importante, pois há eosinofilia em 50% dos casos. É um sinal de
que há infecção simples, não complicadas; geralmente é ausente na
estrongiloidíase disseminada. A eosinofilia pode ser suprimida por drogas como
corticoides ou agentes quimioterápicos.
Em
casos de estudos epidemiológicos, é utilizada a técnica de placas de cultura de
ágar-nutriente**.
Meio de cultura sendo preparado na placa de Petri
Fonte:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsn7bv407fGksoD7767Gl_xZlj4dN1Qz0cRuGJWb6dR9ARJZfFoU2nieZqppz1lmZOWIFPsIXR_4fng9NlrVkOJfz_U0LFrO8pMIPm7nkrkBJ-yI3nAfBdgx4JcCUdbUnpDywbS_Yu8b0/s1600/meio-de-cultura-placa-de-petri.jpg
*Método de Baermann modificado por Moraes - usado
para identificar larvas vivas de Strongyloides
stercoralis, onde são observados os seus padrões migratórios, tais como o
hidrotropismo positivo (migram para a água ou onde há maior umidade) e o
termotropismo positivo (migram para locais mais quentes). É dito que estas larvas possuem termohidrotropismo, migrando para
águas aquecidas.
Vantagens: fácil execução e específico para
larvas de Strongyloides stercoralis.
Desvantagens: odor e inespecífico para ovos e
cistos.
**Material nutriente utilizado para a análise
de água, alimentos e leite, para a realização de exames bacteriológicos e
isolamento de organismos para culturas puras. Usado para o crescimento de
microrganismos em laboratório. É, geralmente, composto por extratos de carne e
levedura e é utilizado para cultivo de microrganismos pouco exigentes
nutricionalmente.
Tratamento –
Diferentes anti-helmínticos podem ser usados no
tratamento da estrongiloidíase. Nos casos de infecções não complicadas,
geralmente é usada a ivermectina e, como alternativa, albendazol. Estes podem
ser usados em conjunto nos casos de hiperinfecção.
Em pacientes imunocomprometidos, o ideal é que seja
feita uma terapia prolongada. Os indivíduos que, por qualquer motivo, requeiram tratamento
com imunossupressores devem ser avaliados criteriosamente e, se necessário,
tratados antes de instituída a quimioterapia imunossupressora.
Em pacientes com
impossibilidade de tomar medicamentos via oral, pode ser usada ivermectina em
vias parental ou retal.
É importante a realização
de um controle de cura, onde são necessários exames parasitológicos após 7, 14
e 21 dias do tratamento (para humanos e animais).
Para animais
infectados, usar anti-helmínticos e, para casos de desidratação, é necessário
tratamento com fluidoterapia.
Prevenção -
A prevenção da
estrongiloidíase pode ser feita através de medidas simples, como:
·
Sempre andar calçado, principalmente em áreas com
areia ou lama;
·
Lavar bem os alimentos antes de comê-los;
· Manter boa higiene corporal, principalmente após
defecar (lavar a região evita a reinfecção);
·
Tratar os animais domésticos infectados;
·
Tratamento sanitário das fezes (saneamento básico);
·
Promover o tratamento em massa em regiões endêmicas.
x x x x x x x x x x
Curiosidade –
O ágar, também conhecido como ágar-ágar ou agarose, é uma substância
mucilaginosa, encontrada nas paredes celulares de diversas espécies de algas
marinhas vermelhas, como por exemplo, as dos gêneros Gelidium, Graciliaria e
Gelidiela.
Alga marinha vermelha Gelidium
crinale (Turner) Lamouroux
Fonte:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxNe8tuzPUMIiFuz-EmyMyyJQRag7q_poE29tSckl_a_pxYRlxV_-ayhwUhxHwdSow60yFHsLO5xBL0Yt3hh2GVid8ET11cEzZguBHTtvw9sHDaI9HqvSjLZjDwSvbP_DfY325TCxWM78/s1600/alga-vermelha.jpg
Referências –
Bowman,
Dwight D.
Georgis – Parasitologia veterinária / Dwight D.
Bowman [e colaboradores]
Rio de
Janeiro : Elsevier, 2010
Ministério
da Saúde
Doenças Infecciosas e Parasitárias – Guia de bolso – 7ª
edição revista
Brasília/DF,
2008
https://www.infoescola.com/doencas/estrongiloidiase/
https://www.mdsaude.com/2013/08/estrongiloidiase.html
https://www.tuasaude.com/estrongiloidiase/
http://slideplayer.com.br/slide/7483113/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrongiloid%C3%ADase
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/nemat%C3%B3deos-vermes-filiformes/estrongiloid%C3%ADase
http://www.worldgastroenterology.org/guidelines/global-guidelines/management-of-strongyloidiasis/management-of-strongyloidiasis-portuguese
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfSGwAE/baermann-moraes-relatorio
https://sites.google.com/site/atlasdeparasitologiafcmmg/metodos-diagnosticos/mtodo-de-baermann-modificado-por-moraes
http://www.engquimicasantossp.com.br/2013/10/agar.html
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