terça-feira, 9 de outubro de 2018

CATARATA


Fonte: https://www.espacocao.com.br/catarata

A catarata é uma opacidade (turvação progressiva) no cristalino, que interfere na absorção da luz que deveria chegar até a retina. Esta opacidade ocorre devido a pouca oxigenação e, consequentemente, maior entrada de água no cristalino.

 O cristalino é a lente responsável por dar foco à imagem.

Fonte: http://www.compuland.com.br/oftalvet/catarata.htm


Cristalino (lente)

Fonte: https://www.martinezdecarneros.com/sinequia-ocular-que-es-tipos-y-tratamiento/

O cristalino possui uma cápsula anterior e uma posterior ambas parecidas com celofane. Nos cães, é uma lente biconvexa com pouco poder de acomodação, ou seja, possui baixa capacidade de focar objetos a distâncias variadas.

Desenho esquemático demonstrando a acomodação da lente
Fonte: http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html

O poder de acomodação no cão é pouco desenvolvido [cerca de 1 a 2 dioptrias* (D)], sendo que em um humano adulto jovem é cerca de 10 D. Com o passar da idade (cerca de 40 anos para humanos), há perda do poder de acomodação devido à perda de elasticidade do cristalino. Geralmente, nos humanos, a potência do cristalino aumenta de 19 para 30 dioptrias na acomodação.

Dioptria*: unidade de medida que se refere ao poder de refração das lentes em um sistema óptico. Isto é equivalente ao “grau” dos óculos para os humanos, sendo que 1 grau é igual a 1 D.

Algumas causas de catarata incluem: defeito genético, inflamação intraocular, doenças da retina, traumatismos, diabetes nutricional, tóxica e senilidade. Muitas cataratas são congênitas, ou seja, estão presentes desde o nascimento do animal.

Quanto a localização, pode ser: capsular, lenticular, cortical ou nuclear, anterior, posterior, equatorial, polar ou zonular. Podem se desenvolver em apenas um olho (unilateral) ou em ambos (bilateral). 

Catarara unilateral em gato
Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/cataratas-nos-gatos-sintomas-e-tratamento-20637.html

Quanto a idade, podem ocorrer por diferentes motivos (não é uma regra):

Até 2 anos (no cão)
- congênita ou hereditária, sendo que a congênita pode ser deflagrada pelo estado materno (infecção, toxemia, etc)
De 2 anos até 5 ou 6 anos (espécie não especificada)
- cataratas juvenis (hereditária, diabetogênica, traumática, etc)
De 6 anos em diante (no cão) e em 20 anos (cavalo)
- cataratas senis

A catarata é uma das causas mais frequentes da perda da visão em cães, sejam mestiços ou de raças puras.

Raças predispostas a ter cataratas hereditárias: Afghan Hound, Beagle, Cavalier, Cocker Spaniel, Golden Retriever, Husky Siberiano, Labrador Retriever, Old English Sheepdog, Pastor Alemão, Pointer, Poodle Toy e Miniatura, Schnauzer Miniatura, Setter Irlandês, Welsh Corgi, West Highland White Terrier.

A catarata em gatos ocorre com menos frequência e está relacionada principalmente com o envelhecimento, inflamações intraoculares ou diabetes.


Tipos de catarata –

Fonte: https://dicaspeludas.blogspot.com/2012/12/esclerose-ou-catarata.html

Catarata incipiente: ocorre opacificação focal do cristalino ou sua cápsula, onde ocupa de 10 a 15% da área envolvida. Há reflexo tapetal. Apresenta-se na forma de pequenos pontos ou vacúolos no córtex ou no núcleo do cristalino. O animal acometido não demonstra comprometimento visual.

Catarata imatura: pode ocorrer em áreas de densidade variadas e a opacifidade é mais ou menos difusa. O reflexo tapetal está presente, mas pode haver comprometimento da visão. O grau de opacificação do cristalino pode variar de 10 a 80%. O cristalino apresenta aspecto “inchado” devido ao aumento de tamanho, que ocorre pela embebição das fibras do córtex por fluido.

Catarata madura: o cristalino se torna inteiramente envolvido e intumescente. A opacificação é densa e total, uniforme e esbranquiçada, também chamada de opacificação leitosa. Não há reflexo tapetal, nem visão. Pode ocorrer glaucoma secundário pelo aumento de volume do cristalino. Nesta fase, o cristalino apresenta um grau do opacificação maior que 80%. Para este tipo de catarata, a cirurgia é recomendada.

Catarata madura em cão da raça poodle (A) e catarata madura em gato da raça persa (B)
Fonte: http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html

Catarata hipermadura: estágio onde a doença está muito avançada; o cristalino apresenta tamanho reduzido, pois a proteína deste sofre liquefação e pode extravasar através da cápsula. O reflexo tapetal se apresenta obscurecido e a visão é ausente. Pode haver cristais no interior do cristalino.


Sinais –

O animal pode apresentar diferentes sinais, tais como passos anormalmente elevados, insegurança na hora de caminhar, tropeços, perde a noção de distância, não reconhece os familiares, apresenta olhos anormalmente úmidos e vermelhos, pálpebras cerradas. Pode haver mudança na coloração dos olhos, no tamanho e na forma da pupila.


Diagnóstico –

Após exames com amostras de sangue e urina para determinar o estado geral da saúde do animal, o diagnóstico é dado através de exame oftalmológico, onde é examinada a opacidade do cristalino, lacrimejamento e pressão intraocular (PIO), bem como através de exame de fundo de olho.

Além disso, pode ser efetuada uma avaliação de ultrassom do olho e uma prova de diagnóstico especial chamada eletrorretinografia (ERG*), que detecta transtornos da retina (pacientes com uma boa resposta elétrica da retina podem voltar a enxergar após a remoção cirúrgica da catarata).

- Diagnóstico diferencial: esclerose da lente (que ocorre em torno dos 8 anos praticamente em todos os cães).

ERG* - exame oftálmico não invasivo e indolor, que capta a resposta elétrica produzida pelas células da retina quando estimuladas pela luz. Esta resposta elétrica gera um gráfico, o que nos possibilita mensurar a função da retina. É realizado após aplicação de colírio anestésico, onde é posicionada uma lente de contato com eletrodos sobre a córnea.

Eletrorretinografia (ERG)
Fonte: http://www.oftalmologianimal.com.br/2015/06/eletrorretinografia-em-caes-e-gatos-o.html


Tratamento –

Não existem medicações confiáveis capazes de tratar cataratas, pois não impedem a progressão das opacidades do cristalino. O tratamento é cirúrgico. 

Algumas técnicas cirúrgicas existentes para tratamento das cataratas são: aspiração/dissecção, intracapsular, extracapsular e FE.

A técnica mais eficaz utilizada é a FE, onde um aparelho é inserido no interior do olho por uma incisão de 3 mm, com o auxílio de microscópio cirúrgico.  O aparelho emite vibrações ultrassônicas que destroem o cristalino, pulverizando-o e aspirando-o. O tempo da cirurgia é reduzido e a recuperação do animal é rápida (quando não há problemas secundários).

Podem ocorrer complicações em aproximadamente 10 % dos casos, incluindo glaucoma pós-operatório, sangramento secundário, descolamento de retina, infecção e inflamação (que pode se tornar crônica).

O pós-operatório exige cuidados, como respeitar os horários das medicações prescritas e não permitir que o animal tenha alcance ao olho, para não causar ruptura dos pontos dados (sutura) e provocar infecções através das unhas. Também serão necessárias consultas periódicas para avaliar a recuperação do animal.

É importante dar atenção à alimentação do animal com o passar dos anos, incluindo vitaminas E e C (antioxidantes), legumes e vegetais. Pode ser incluído o betacaroteno, que é convertido em vitamina A no organismo.


Aves –

Catarata em ave
Fonte: https://www.facebook.com/772740992823616/photos/a.792596874171361.1073741829.772740992823616/1312983805465996/?type=3&theater

As aves perdem qualidade de vida quando impossibilitadas de enxergar.

A catarata pode surgir da mesma forma que nos outros animais, ou seja, congênita, juvenil, senil, traumática, hereditária, ou deficiência de vitamina e exposição continuada a algumas luzes artificiais.

Por exemplo, uma deficiência em vitamina E no pai pode levar ao nascimento de um filhote cego. E a vitamina A é necessária para a pigmentação adequada e lacrimejamento dos olhos.

O tratamento é cirúrgico, mas apresenta riscos anestésicos e durante o procedimento devido ao tamanho da ave e ao tamanho do globo ocular (em aves pequenas).

A técnica cirúrgica depende do tamanho da espécie. Aves maiores, podem passar pela FE. Aves de tamanho intermediário precisam de cirurgia por técnica de irrigação e aspiração bi manual. Nestes casos, uma capsulorexis* é praticada. Em aves pequenas, é utilizada uma técnica de pressão/contra-pressão, onde apenas a função irrigação é utilizada, e, após a destruição da pequena cápsula anterior, fragmentos do núcleo são expulsos através da incisão única.

capsulorexis* - A capsulorrexe ou capsulorrexia, também conhecida como capsulorrexe curvilínea contínua, é uma técnica iniciada por Howard Gimbel, usada para remover a cápsula do cristalino do olho durante a cirurgia de catarata por forças de cisalhamento e estiramento.

A recuperação cirúrgica é mais leve do que em outras espécies. São utilizados antibióticos e anti-inflamatórios em forma local e oral. De um modo geral 15 dias são suficientes para a recuperação total, e os animais já se encontram visuais, muitas vezes, imediatamente após o procedimento.

Evitar a utilização de aves com problemas de catarata para reprodução.


Equinos –

Catarata em equino
Fonte: http://www.revistaveterinaria.com.br/2016/10/14/catarata-equina/

Diversos fatores podem levar o animal desta espécie a ter catarata. O mais comum é ocorrer por traumas, que desenvolvem inflamações oculares. Pode ser congênita e secundária a problemas do metabolismo.

Nos equinos raramente envolve todo o cristalino, não causando distúrbio funcional importante. Quando completas, entretanto, tendem a levar à cegueira total.

O tratamento mais eficaz para equinos é a cirurgia e, dentre elas, a FE.

As complicações mais comuns são uveítes pós-operatórias, aumento de pressão intraocular (PIO) e contaminação por fungos.

Tanto animais jovens como idosos podem desenvolver a doença.

Fonte: http://anjo-de-quatro-patas.blogspot.com/2012/05/os-caes-e-gatos-so-enxergao-preto-e.html


Não medique o animal!!!
Ele deve ser levado a uma clínica veterinária quando houver suspeita da doença. O tratamento correto será indicado pelo médico veterinário.


Referências –

https://www.oftalmovet.com.br/doencas-oculares/catarata/
http://www.compuland.com.br/oftalvet/catarata.htm
http://petcare.com.br/blog/catarata-e-esclerose-de-cristalino/
http://www.oftalmologianimal.com.br/2009/04/catarata-canina-e-felina.html
https://meusanimais.com.br/a-cirugia-de-catarata-nos-caes/?utm_content=buffer0333a&utm_medium=social&utm_source=pinterest.com&utm_campaign=buffer
https://www.espacocao.com.br/catarata
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/oJqbzqQcqiejXtg_2013-6-26-10-50-31.pdf
http://www.oftalmologianimal.com.br/2015/06/eletrorretinografia-em-caes-e-gatos-o.html
http://www.anmedin.com/pt/20.html
https://www.revistanossoclinico.com.br/cirurgia-de-catarata-em-aves/
http://www.revistaveterinaria.com.br/2016/10/14/catarata-equina/
http://www.cepov.com.br/banco/trabalhos/00003_0009.pdf
https://www.infoescola.com/optica/dioptria/

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