sábado, 28 de janeiro de 2017

INTOXICAÇÕES - ESCORPIÕES

TEMA 2: INTOXICAÇÃO – ANIMAIS PEÇONHENTOS

ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

http://www.dddrin.com.br/informe-se/biblioteca-de-pragas/escorpioes/

Escorpiões são animais invertebrados pertencentes à Classe Arachnida, Ordem Scorpiones. São encontrados em todos os continentes, com exceção da Antártida, preferencialmente em zonas tropicais. Também são encontrados em regiões desérticas e florestas.
São animais carnívoros, que se alimentam de insetos, como grilos e baratas, mas são capazes de permanecerem longos períodos sem se alimentar. Por enxergarem mal, eles percebem o meio ambiente através de uma estrutura chamada pente, localizada na parte ventral do tórax, que permite ao escorpião tatear o solo para sentir as vibrações de sua presa.
Têm hábitos noturnos, ocultando-se em locais sombreados e úmidos, como pedras, troncos, entulhos, telhas, pilha de tijolos, entre outros locais.
Não põem ovos; os filhotes desenvolvem-se dentro da mãe e o nascimento ocorre por meio de parto. A gestação dura de 2 a 3 meses, dependendo da espécie.

http://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/2_qualidade_vida_humana/Animais_domesticos_sinatropicos/escorpiao/interesse_medico_biologia.htm

No Brasil, há várias espécies de escorpiões, tais como Tityus bahiensis, Tityus stigmurus (escorpião-do-nordeste), Tityus trivittatus, Tityus cambridgei (escorpião-preto), Tityus serrulatus (todos pertencentes ao Gênero Tityus).
Acidentes com pequenos animais ocorrem por estes serem curiosos, sendo que os escorpiões só atacam quando são molestados ou se sentem ameaçados. Não são animais agressivos. Grandes animais, como bovinos e equinos, também podem sofrer picadas, mas esses acidentes são mais raros. Ocorre com maior incidência no período de outubro a dezembro, época quente e chuvosa em que esses animais se reproduzem mais, pois há aumento da oferta de alimentos (insetos).
Citarei duas espécies que mais causam acidentes:

GÊNERO TITYUS

Escorpião amarelo –

http://www.dddrin.com.br/informe-se/biblioteca-de-pragas/escorpioes/

Classe: Arachnida
Ordem: Scorpiones
Família: Buthidae
Nome científico: Tityus serrulatus
Nome vulgar: Escorpião amarelo

Mede de 5 a 7 cm de comprimento. Tem coloração amarelada, pernas e palpos sem manchas, cefalotórax e abdômen escuros. Possui uma serrilha no 4º segmento da cauda e a presença de espinho no télson. É encontrado na região Sudeste, e também no Paraná, Bahia e sul de Goiás.
Esta espécie só apresenta espécies fêmeas, onde os óvulos transformam-se diretamente em embriões que dão origem a novas fêmeas (processo denominado partenogênese).

Escorpião marrom – 


Classe: Arachnida
Ordem: Scorpiones
Família:Buthidae                  
Nome científico: Tityus bahiensis
Nome vulgar: Escorpião marrom

Mede de 5 a 7 cm de comprimento. Tem coloração marrom avermelhada, cefalotórax e abdômen mais escuros e sem manchas. Possui apêndices mais clatos com manchas na mesma cor do corpo. É encontrado na Bahia, Mato Grosso do Sul, ao norte da Argentina e no Paraguai.  

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Sintomas: vão depender da espécie de escorpião e da quantidade de veneno inoculado, onde uma única picada pode levar a óbito. Em alguns casos, pode-se ver o ferrão preso na pele do animal. Os sintomas mais frequentes são dor intensa no local da picada (com irradiação no membro afetado), salivação intensa, náusea, vômito (o veneno age no centro do vômito, no SNC – sistema nervoso central), diarreia, dor abdominal, cansaço, tremores, espasmos musculares, arritmias cardíacas, alterações da pressão arterial, convulsões, choque (neurogênico, devido à dor intensa) e coma.
Nas alterações da pressão arterial, o órgão atingido é o rim, podendo ocorrer insuficiência renal por causa da alteração da pressão arterial.
Pode ocorrer edema pulmonar devido a processo inflamatório dos vasos sanguíneos do pulmão, onde há aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de líquido, atingindo o interior dos alvéolos pulmonares, que ficará preenchido por esse líquido.

Tratamento: depende da gravidade das manifestações.
Administrar analgésicos para aliviar a dor no local da picada (via oral ou anestésico local). Também administrar diurético (exemplo: Manitol). Para aliviar o vômito, pode-se interrompê-lo com anti-emético (exemplo: Ondansetrona).
Fluidoterapia e medicações de suporte são imprescindíveis até a recuperação completa do animal.
Soro anti-escorpiônico – 5 a 10 ampolas para casos moderados e graves.

Prevenção: para evitar condições propícias ao abrigo e proliferação de escorpiões, algumas medidas devem ser adotadas - 

http://www.saocarlosemrede.com.br/
  •   Manter limpos quintais, jardins, sótãos, garagens e depósitos, evitando acúmulo de folhas secas, lixo e demais materiais como entulho, telhas, tijolos, madeiras e lenha;
  •  Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
  •   Acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar baratas e outros insetos;
  • Realizar roçagem de terrenos.

Curiosidade –

http://pataniscassatanicas.blogspot.com.br/2016/01/arrefecimento-global-e-baratas-gigantes.html

Os escorpiões que viveram na Era Carbonífera eram muito maiores (atingiam até 86 cm de comprimento), pois havia muito oxigênio (concentração era de 35 a 40%, contra cerca de 21% nos dias de hoje). Com mais oxigênio disponível no ar, os animais eram maiores, pois estes respiram através de difusão de gases do meio externo, que entram por pequenos canais distribuídos ao longo do corpo até chegar aos tecidos e células. Então, quanto maior o animal, mais oxigênio é utilizado.

(*) Sempre procurar a ajuda de um médico veterinário, que saberá a dose correta dos medicamentos e o tempo ideal a serem administrados.

Você pode consultar os pontos para atendimento dos acidentes de animais peçonhentos no site www.cve.saude.sp.gov.br.

No Instituto Butantan o atendimento especializado gratuito é realizado 24 horas pelo Hospital Vital Brazil, inclusive com atendimento telefônico.
Colabore enviando informações sobre a ocorrência desses animais em sua região.
Ligue para 0800 022 1036 ou mande e-mail para sac@vitalbrazil.rj.gov.br.


Referências –
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/fernanda-fragata/noticia/2016/01/escorpioes-tambem-sao-um-risco-para-o-seu-pet.html
http://www.resumaodeveterinaria.com.br/intoxicacao-por-animais-peconhentos/
http://www.funed.mg.gov.br/wp-content/uploads/2010/03/cartilha.pdf
http://www.dddrin.com.br/informe-se/biblioteca-de-pragas/escorpioes/
http://ead.hemocentro.fmrp.usp.br/joomla/index.php/programa/adote-um-cientista/109-os-aracnideos-escorpioes


sábado, 21 de janeiro de 2017

INTOXICAÇÕES - ANFÍBIOS

TEMA 2: INTOXICAÇÕES


ACIDENTES CAUSADOS POR SAPOS

http://vivamaisfelizcomanimais.blogspot.com.br/2014/11/meu-cachorro-mordeu-um-sapo-que-fazer.html

Os anfíbios pertencem a Classe Amphibia; são animais vertebrados tetrápodes (de quatro pés), que compreende os sapos, as rãs, as salamandras aquáticas e as cecílias. Foi a primeira a aparecer no planeta Terra, por volta de 300 milhões de anos. Em algumas ilhas da Indonésia, existem espécies raras e antigas que viveram na Idade do Carvão, período este que foram o grupo dominante.
No mundo, existem cerca de 6.600 espécies, levando em consideração que algumas foram extintas.
Os anfíbios têm capacidade de viver na água e fora dela; sua pele precisa estar constantemente úmida, pois funciona como um meio de respiração para estes animais, como também absorção de água. Possuem pulmões, que são estruturas simples, e as rãs e sapos possuem ouvidos e um coração de complexidade superior, comparado aos seus ancestrais.
Todas as espécies de anfíbios produzem substâncias tóxicas, umas mais e outras menos potentes. Estas substâncias são produzidas pelas glândulas serosas encontradas na pele desses animais. Geralmente, as glândulas ficam na região da cabeça.
Os cães são mais acometidos que os gatos; intoxicações nos grandes animais são raras.
Os cães e gatos atacam os sapos (por exemplo), causando a compressão das glândulas com consequente eliminação do veneno, que entrará em contato com a mucosa oral e pele não íntegra. Muitos cães e gatos se intoxicam somente pelo contato da mucosa bucal com a secreção, não necessariamente mordendo o animal.

Glândula paratoide
http://www.petsedicas.com/2016/02/sapo-e-venenoso.html


Secreção de veneno pela glândula paratoide direita
http://www.herpetofauna.com.br/MecanismosDefesa.htm

Em época de chuvas, os acidentes causados por anfíbios ocorrem com maior frequência.


GÊNERO BUFO

Os sapos verdadeiros do gênero Bufo são quase cosmopolitas e representados no Brasil por oito ou mais espécies. Conhecem-se facilmente pela pele seca e áspera, cheia de verrugas, as extremidades curtas, que não permitem saltos grandes, os hábitos terrestres e as cores pouco vivas. A cor do lado dorsal lembra areia, argila ou terra.
Serão citadas três espécies de sapos que provocam intoxicações: Bufo ictericus (mais comum), Bufo schneideri (comum em propriedades rurais) e Bufo marinus (comum em cidades litorâneas).

Bufo ictericus
https://br.pinterest.com/bioclarice/anf%C3%ADbios/

Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Gênero: Bufo
Espécie: Bufo ictericus
Nome popular: sapo-cururu
Nome científico atual: Rhinella icterica

Espécie encontrada na floresta atlântica do sudeste e sul do Brasil, bem como em Misiones, na Argentina, e ao leste do Paraguai.
Possui hábitos noturnos, abrigando-se durante o dia entre raízes de árvores, no solo ou entre pedras.
Na fase adulta alimenta-se de alguns insetos, lesmas e até ratos pequenos.
A espécie, apesar de necessitar de águas correntes e limpas, ocorre com relativa frequência nas cidades.

Bufo schneideri
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/6742/rhinella_schneideri.jpg?sequence=1

Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Gênero: Bufo
Espécie: Bufo schneideri
Nome popular: -----
Nome científico anterior: Bufo paracnemis
Nome científico atual: Rhinella schneideri

Espécie encontrada entre o Uruguai e Bolívia, e também no Paraguai e Argentina. No Brasil, é encontrada principalmente nos estados da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso, Goiás e Região Sul.
É um animal de grande porte, possuindo membros curtos e coloração que varia de castanho-claro a escuro.
Os adultos desta espécie são andarilhos, podendo ser encontrados a quilômetros de distância da água. Tem hábitos noturnos; durante o dia abrigam-se sob pedras e troncos de madeiras, pilha de tijolos, entre outros locais.
Os adultos se alimentam de insetos variados.

Bufo marinus
http://www.natgeocreative.com/photography/1342154

Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Gênero: Bufo
Espécie: Bufo marinus
Nome popular: sapo comum
Nome científico atual: Rhinella marina

Essa espécie ocupa um território muito vasto, que se estende das margens do Rio da Prata para o Rio Grande do Sul.
Mede cerca de 7 cm de comprimento e possui a coloração marrom.
Alimentam-se de insetos, larvas, caracóis, camundongos e até serpentes.

O mecanismo de defesa desses animais contra seus predadores são as glândulas paratoides (citadas no texto), localizadas na região posterior à órbita ocular, que produzem e estocam um líquido mucoso esbranquiçado.

http://vivamaisfelizcomanimais.blogspot.com.br/2014/11/meu-cachorro-mordeu-um-sapo-que-fazer.html


- Composição do veneno: adrenalina, noradrenalina, setotonina, bufoteninas, di-hidrobufoteninas, bufotioninas.

A manifestação dos sinais clínicos se dá rapidamente após a intoxicação, sendo que a morte pode ocorrer 15 minutos após o aparecimento dos sinais clínicos. A morte está relacionada com o efeito cardiotóxico do veneno, causando fibrilação ventricular.

Sinais clínicos: hipersalivação, mucosas hiperêmicas, apatia, vômitos, ansiedade, cegueira, taquipneia e dor abdominal. Podem apresentar sinais nervosos, incluindo convulsões, ataxia, nistagmo, opistótomo, esturpor e coma.

Diagnóstico: o diagnóstico preciso de intoxicação por veneno de sapo muitas vezes não é possível, devido às dificuldades técnicas do isolamento do agente intoxicante, tendo o diagnóstico baseado nos sinais clínicos e no histórico.

Tratamento (*): preconiza-se a administração de sulfato de atropina e propanolol, podendo-se ainda utilizar lidocaína ou verapamil para o controle das arritmias. A fluidoterapia auxilia na hemostasia (perda de líquido pelas fezes, urina e vômito). A oxigenoterapia, às vezes, se faz necessária.

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             http://toxicouece.blogspot.com.br/

           Caso for visto o exato momento do contato do cão (ou outro animal) com o anfíbio, aconselha-se lavar imediatamente a boca e a gengiva desse cão com bastante água corrente; após esse procedimento, procure um médico veterinário. Se notar os sinais clínicos já manifestados (o contato ocorreu anteriormente), busque imediatamente atendimento veterinário.

Curiosidades –
  •  As rãs verdadeiras pertencem a família Ranidae, das quais só existe uma no Brasil, a Rana palmipes, conhecida no Norte como jia.
Rana palmipes
http://www.reisecology.com/album/photo-gallery-wildlife1/neotropical-green-frog-rana-palmipes-cristalino-jl-jpg/

  • A espécie cultivada no Brasil é a Rana catesbeiana, conhecida como rã-touro, nativa dos Estados Unidos.
  • As rãs são comestíveis por não possuírem glândulas paratoides (secretoras de veneno).
  • GÊNERO PHYLLOBATES Phyllobates terribilis
Phyllobates terribilis
http://veja.abril.com.br/galeria-fotos/os-mais-incriveis-coloridos-e-venenosos-sapos/

Essa espécie de anfíbio possui o veneno mais letal entre os sapos, tanto para o homem quanto para os animais. Como exemplo, o menor contato de animais com objetos nos quais esses sapos tiveram contato já o suficiente para haver a intoxicação e provável óbito. É encontrada na Colômbia, Bolívia, Equador, Brasil e por toda área tropical da América do Sul. Pode chegar a 5 cm de comprimento quando adulto. Tem como predador principal a serpente Liophis epinephelus, que é resistente ao veneno dessa espécie, mas não totalmente imune.

Liophis epinephelus
http://10degreesabove.com/fire-bellied-snake-liophis-epinephelus-tenorio/


(*) Sempre procurar a ajuda de um médico veterinário, que saberá a dose correta dos medicamentos e o tempo ideal a serem administrados.


Para saber mais –

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21992/000661025.pdf?sequence=1
https://www.agoramt.com.br/2014/11/papo-de-veterinario-a-intoxicacao-de-caes-com-veneno-de-sapo/
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/16068
http://drashirleydecampos.com.br/noticias/16069
http://www.klimanaturali.org/2015/10/anfibios-venenosos-do-planeta.html
http://books.scielo.org/id/d4mmz/pdf/benchimol-9788575414064-46.pdf
http://www.culturamix.com/animais/anfibios/curiosidades-sobre-os-anfibios/