TEMA
2: INTOXICAÇÕES - ANIMAIS PEÇONHENTOS
ACIDENTES ARACNÍDEOS
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Aranhas são animais
invertebrados pertencentes à Classe Arachnida,
Ordem Araneae. Possuem um exoesqueleto
de quitina (substância resistente e impermeável), onde a cabeça e o tórax são
fundidos (cefalotórax ou prossoma) e de onde saem quatro pares de patas, um par
de pedipalpos (funcionam como órgão sensorial) e um par de quelíceras (onde se
situa o ferrão).
Anatomia da
aranha
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/as-aranhas.html
Existem mais de 40.000
espécies de aranhas no mundo, sendo que no Brasil existe cerda de 4.000
espécies.
São encontradas desde
buracos e frestas no solo a até locais muito altos, como em copas de árvores;
de desertos a florestas úmidas; de ecossistemas totalmente preservados até o
centro de grandes metrópoles.
As aranhas, muitas
vezes, não escolhem as suas vítimas; a maioria delas ataca quando se sente
ameaçada por algo ou por alguém. Os animais, tanto os domésticos quanto os que
vivem a pasto, estão propensos aos acidentes aracnídeos. Animais domésticos
geralmente são curiosos, principalmente cães e gatos, tentando caçar ou brincar
com tudo aquilo que se move próximo a eles.
Já os que vivem a pasto
correm o risco de acidentes muitas vezes despretensiosos, por aproximação, sem
ver a aranha.
Quase todas as aranhas
produzem e armazenam secreção nas suas glândulas de veneno. Alguns gêneros são
destaque em casos de acidentes, tais como Latrodectus,
Loxosceles, Lycosa e Phoneutria.
GÊNERO LATRODECTUS ►
Viúva Negra –
Viúva Negra
http://m.escolakids.uol.com.br/aranhas-peconhentas.htm
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Theridiidae
Nome científico: Latrodectus
curacaviensis
Nome vulgar: Viúva Negra
São aranhas pequenas, medindo aproximadamente 2 cm,
sendo os machos bem menores que as fêmeas. Possuem o abdômen globoso e
apresentam no ventre uma mancha vermelha em forma de ampulheta, que é
característica desta espécie. Não são agressivas; picam somente quando são
comprimidas (ao calçar um sapato, por exemplo).
Têm atividade noturna e
hábito gregário, ou seja, andam em grupos. São encontradas em vegetações arbustivas
e próxima ou mesmo dentro das casas, em ambientes sombreados como frestas, sob
cadeiras e mesas nos jardins.
A síndrome clínica
produzida pela picada dessa aranha é denominada latrodectismo.
Manifestações clínicas: causa dor e ardência
no local da picada, sem maiores consequências. Pode causar edema no local e
infecção secundária, e raramente necrose superficial da pele (depende da
profundidade da picada e do tecido atingido).
Diagnóstico: realizado pelas
manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente
em que vive ou frequenta).
Tratamento: analgésicos orais e
também medicamento tópico (pomadas, por exemplo), com ação antiinflamatória,
anti-histamínica e antibiótica. Não se justifica um tratamento específico.
GÊNERO LYCOSA ►
Aranha de Jardim -
Aranha de Jardim
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/conheca-aranha-de-grama-lycosa.html
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Lycosidae
Nome científico: Lycosa
erythrognatha ou Scaptocosa raptoria
Nome vulgar: Aranha de jardim, Aranha de grama, Aranha
lobo ou Tarântula
São aranhas de corpo com
coloração marrom, com 5 cm de envergadura das pernas e quelíceras com pelos alaranjados
ou avermelhados. Possuem faixas claras no cefalotórax e no dorso do abdômen há
um desenho preto em forma de seta. O macho geralmente é menor do que a fêmea.
Não constroem teias, e
são encontradas em jardins com gramado ou perto de piscinas. Não são
agressivas, mas picam caso se sintam ameaçadas ou acidentalmente, caso tocadas.
Possuem veneno de ação proteolítica(*), mas pouco acentuada.
(*)
promove a desnaturação de proteínas, resultando em necrose no local da picada.
Manifestações clínicas: causa dor e ardência
no local da picada, sem maiores consequências.
Diagnóstico: realizado pelas
manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal
(hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).
Tratamento: administração
de analgésicos orais para o alívio da dor e limpeza com
antissépticos no local da picada. Não há necessidade de soroterapia específica.
GÊNERO LOXOSCELES ►
Aranha Marrom -
Aranha Marrom
http://www.ambientalmaia.com.br/pragas_aranhas.php?height=550&width=900
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Sicariidae
Nome científico: Loxosceles
spp
Nome vulgar: Aranha marrom
São aranhas muito
pequenas, que chegam até 4 cm de envergadura. Não são agressivas; picam somente quando são
comprimidas (ao calçar um sapato, por exemplo).
Possuem hábitos
noturnos, e escondem-se em telhas, tijolos, madeiras, rodapés, caixas garagens,
porões e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. Na natureza, são
encontradas sob cascas de árvores, debaixo de pedras e dentro de grutas.
Entre os gêneros de
interesse médico e médico veterinário, o Loxosceles
é responsável por 40% dos acidentes humanos no Brasil e apresenta veneno de
elevada toxicidade. Os dados na medicina veterinária ainda são escassos, porém
é observado que o número de casos em animais vem acompanhando o aumento
observado na medicina humana, principalmente pelo hábito intradomiciliar atual
da maioria dos animais de estimação.
A síndrome clínica
produzida pela picada dessa aranha é denominada loxoscelismo, e pode desenvolver-se de duas formas:
- cutânea: caracterizada por alterações clínicas locais, com ferida de difícil cicatrização.
- cutâneo-visceral: apresenta alterações sistêmicas importantes, como insuficiência renal aguda e distúrbios de coagulação sanguínea, com risco de óbito.
Cão picado por
Aranha Marrom
Imagem:
https://www.google
Manifestações clínicas: a picada geralmente é indolor; a dor aparece nas primeiras horas após a picada, provavelmente devido à isquemia, prurido, edema, eritema e áreas de hemorragia que precedem o local da necrose. Na forma cutânea, há presença de lesão dermonecrótica.
Diagnóstico: dificilmente é baseado
na identificação da aranha. É realizado pelas manifestações clínicas, exame
físico e histórico do animal (hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).
Diagnóstico diferencial: qualquer doença que leve à alteração cutânea e
à necrose tecidual local
Tratamento: a terapia é baseada
nos sinais clínicos observados. É indicada a fluidoterapia e uso de diuréticos,
para evitar lesões renais mais graves. Limpezas diárias no local da picada com
antissépticos, associada à antibioticoterapia sistêmica de amplo espectro. Não
há tratamento específico com soro antiloxoscélico disponível para uso
veterinário.
GÊNERO PHONEUTRIA ►
Aranha Armadeira -
Aranha Armadeira
http://www.ambientalmaia.com.br/pragas_aranhas.php?height=550&width=900
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Ctenidae
Nome científico: Phoneutria
nigriventer
Nome vulgar: Aranha armadeira, Aranha da banana,
Aranha-macaco
São aranhas agressivas, assumindo
posição de defesa quando se sentem ameaçadas (ficando de pé sob as patas
traseiras), podendo saltar até 40 cm de distância. Têm o corpo coberto por
pelos curtos, marrons e acinzentados. No dorso do abdômen há manchas claras,
formando uma faixa longitudinal, e desta seguem filas laterais oblíquas de
manchas menores. O ventre da fêmea é negro e do macho é alaranjado.
As aranhas armadeiras não constroem teias, pois são
errantes. Possuem hábitos crepusculares e noturnos, alojando-se em locais
escuros (sob vegetação, entre folhagens de arbustos, sob troncos de árvores). Apesar
de a aranha armadeira possuir comportamento noturno, muitos dos acidentes
ocorrem durante o dia, em ambientes domésticos, porque elas se escondem dentro
de casa, em sapatos e roupas, por exemplo. Mãos e pernas são os locais mais
afetados em humanos e, no caso dos cães, a área do focinho.
Alimentam-se de muitas espécies de insetos, outras
aranhas, pequenos roedores, entre outros.
O veneno desta aranha costuma agir mais rapidamente do que a da maioria
das serpentes. A síndrome clínica
produzida pela picada dessa aranha é denominada foneutrismo.
Manifestações clínicas: pode causar dispneia, salivação, hipotermia, midríase não responsiva, olhos parcialmente abertos, mucosas hiperêmicas, vômito, diarreia pastosa e discreta incoordenação.
Diagnóstico: realizado pelas
manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente
em que vive ou frequenta).
Tratamento: hidratação com Ringer; administração de antiemético e analgésico. Não existe soro anti-Phoneutria para uso veterinário.
Aranha Caranguejeira -
Aranha Caranguejeira - Acanthoscurria
geniculata
https://www.flickr.com/photos/tj-petrowski/7819429734
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Theraphosidae
Nome científico: Acanthoscurria
geniculata
Nome vulgar: Aranha caranguejeira
Faz
parte do grupo Orthognatha, subordem Mygalomorphae, onde possuem os ferrões
inoculadores de veneno paralelos entre si e ao eixo longitudinal do corpo, e
picam movimentando os ferrões de cima para baixo.
São aranhas grandes,
que podem atingir 15 cm de envergadura, mas existem espécies que podem chegar
até 30 cm (Theraphosa blondi, encontrada
na América do Sul). Possuem coloração acinzentada ou marrom avermelhada.
Theraphosa blondi
http://xychromosome1234.blogspot.com.br/2014/01/the-worlds-largest-spider.html
Constroem tocas, revestindo-a de teia, como uma tampa,
para seu abrigo. Ficam dentro do abrigo até que uma presa passe por perto.
Geralmente ficam próximas a raízes de árvores e pedras. Possuem hábitos
noturnos, alimentando-se de insetos, pequenos répteis, anfíbios e até filhotes
de pássaros (Theraphosa blondi).
Ao se sentirem ameaçadas,
raspam as pernas traseiras contra o abdômen, liberando cerdas urticantes, que
podem causar reações alérgicas. Não são agressivas; só picam se forem
molestadas ou manuseadas de forma errada. Não causam acidentes considerados
graves.
No
Brasil existem cerca de 300 espécies diferentes, com formas e tamanhos
variados. São conhecidas na América do Norte por Tarântula.
Apesar do tamanho e aspecto sinistro, as aranhas
caranguejeiras não são perigosas para a espécie humana e eventualmente são
criadas como animais de estimação. Já para os animais, como cães e gatos, podem
chegar a óbito por inalarem os pelos que as aranhas soltam para sua própria
defesa, que provocam edema no trato respiratório dos animais, matando por
asfixia.
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É importante e necessário seguir um padrão de
profilaxia, para evitar tais acidentes:
→ Manter jardins e quintais limpos.
→ Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção próximos a casa.
→ Evitar folhagens densar (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) próximas a muros e paredes da casa.
→ Manter a grama aparada.
→ Manter limpos terrenos baldios vizinhos.
→ Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los.
→ Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, para impedir o trânsito de aranhas na residência.
Sempre procurar a ajuda de um médico veterinário, que saberá
a dose correta dos medicamentos e o tempo ideal a serem administrados.
Você
pode consultar os pontos para atendimento dos acidentes de animais peçonhentos
no site www.cve.saude.sp.gov.br.
No Instituto Butantan o atendimento especializado gratuito é realizado 24 horas pelo Hospital Vital Brazil, inclusive com atendimento telefônico.
Colabora enviando informações sobre a ocorrência desses animais em sua região.
Ligue para 0800 022 1036 ou mande e-mail para sac@vitalbrazil.rj.gov.br.
Hospital Vital Brazil
Avenida Vital Brazil, 1500 – Butantã
Telefones: (11) 2627-9529 e 2627-9528
Fax: (11) 3726-7962
CEP: 05503-900 – São Paulo/SP
Para saber
mais –
http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/aranhas.html
http://www.assimsefaz.com.br/sabercomo/picada-de-aranha-em-cachorro-saiba-mais
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/1016-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/animais-peconhentos-aranha/l2-animais-peconhentos-aranha/13683-descricao-da-doenca
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/conheca-aranha-de-grama-lycosa.html
http://www.saudeanimal.com.br/1071/zoo/aracnideos/armadeira
http://www.crmvmg.org.br/cadernotecnico/75.pdf
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