http://holterecg.vet.br/dirofilariose-e-pro-heart.html
A dirofilariose foi identificada nos Estados
Unidos em 1847 e ocorria mais frequentemente no litoral sudeste dos Estados
Unidos. Recentemente, tem sido encontrada em todos os 50 estados.
É uma doença causada pelo nematódeo dirofilária,
pertencente a ordem Spirurida e família
Onchocercidae. Este gênero de
nematódeo (Dirofilaria) parasita os
vasos sanguíneos e linfáticos, os músculos, o tecido conjuntivo e as cavidades
serosas dos mamíferos.
Os vermes adultos do Dirofilaria immitis costumam-se alojar na artéria pulmonar e no
ventrículo direito, enquanto que Dirofilaria
repens têm preferência pelo tecido subcutâneo, sendo possível a localização
errática destes parasitas.
Para que ocorra a doença, é necessário um vetor
biológico, que é o hospedeiro intermediário: mosquitos dos gêneros Aedes (cerca de 29 espécies), Anopheles (12
espécies), Mansonia (14 espécies) e Culex (6 espécies).
Esta doença acomete principalmente os cães
(hospedeiro definitivo), mas também podem atingir gatos, furões e o homem
(hospedeiros acidentais). Poucos vermes, como cinco adultos, podem ser letais
para um furão.
http://policlinicaveterinaria.com.br/dirofilariose/
O gato se diferencia do cão em vários aspectos
importantes em relação à infecção pelo verme:
- tendem a albergar poucos vermes adultos, o que
os tornam “amicrofilarêmicos”, ou seja, num exame com métodos de concentração
pode não acusar presença de microfilária.
- podem desenvolver enfermidade grave devido às
migrações dos vermes do coração adultos jovens em seus pulmões – síndrome HARD
(hearthworm associated respiratory disease).
- podem possuir vermes migrando para locais
atípicos, podendo morrer subitamente como um resultado da migração.
- a terapia adulticida em gatos normalmente está
reservada para animais em condições estáveis.
- a remoção cirúrgica dos vermes é considerada
uma opção em potencial para gatos.
Dirofilariose humana –
O homem pode infectar-se quando são picados por
mosquitos infectados com microfilárias.
Em humanos, o ciclo do parasita D. immitis não
se completa como nos animais. As microfilárias são transmitidas para o sangue
periférico e, normalmente, não conseguem ultrapassar o tecido subcutâneo,
morrendo neste. Eventualmente alguns parasitas podem migrar até o coração,
alojando-se no ventrículo direito, e desenvolverem-se até adultos jovens.
O parasita que não está no seu hospedeiro
habitual, quando morre, é conduzido para o tecido pulmonar, através das
artérias pulmonares, onde gera quadros de embolia, resultando em infarto
pulmonar, formando granuloma e causando a doença dirofilariose pulmonar humana.
Transmissão –
O ciclo de vida
de D. immitis é iniciado quando o cão
é picado por um mosquito infectado. As microfilárias de Dirofilaria immitis são levadas por mosquitos fêmeas; distribuem-se
pela circulação, sendo ingeridas por mosquitos ao se alimentarem no animal (em
estágio L1). Isto ocorre após um período de 10 a 14 dias de evolução no corpo
do mosquito. O desenvolvimento larval ocorre nos túbulos malpigianos, após o
qual as larvas de terceiro estágio (L3) infectantes migram para as glândulas
salivares do mosquito.
Quando estes
mosquitos se alimentam em outro animal, as larvas são introduzidas em seu
organismo, onde passam a se desenvolver (L4) dentro de 3 dias após a infecção.
Estas larvas de quarto estágio residem nos tecidos conjuntivos e músculos do
abdômen e tórax por vários meses após a infecção.
Após a muda final, os adultos imaturos de quinto estágio
(L5) migram para as artérias pulmonares,
aparentemente através da circulação venosa. Após alcançarem o lado direito do
coração, os jovens adultos maturam e começam a produzir microfilárias, de seis
a nove meses após a infecção.
As microfilárias circulam no sangue do cão e são capazes de
sobreviver por mais de dois anos e meio.
Obs:
aproximadamente seis meses após a penetração das larvas na pele do hospedeiro
ocorre a primeira microfilaremia, com quantidade de larvas aumentando nos
próximos seis meses. A gravidade da moléstia varia conforme o número de vermes
adultos que o cão abriga, podendo variar de 1 a 250 vermes.
Ciclo da dirofilariose
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAUaIAJ/dirofilariose-caes
O gato se
diferencia do cão em vários aspectos importantes em relação à infecção pelo
verme. Podem desenvolver uma enfermidade grave devido às migrações dos vermes
adultos jovens em seus pulmões mesmo se eles não desenvolverem infecção
patente. Podem possuir vermes migrando para locais atípicos e podem morrer
subitamente como um resultado da migração aberrante dos vermes.
No período pré-patente (entre a infecção e o aparecimento das primeiras microfilárias no sangue), não há qualquer evidência de infecção. No período patente, quando as microfilárias podem ser detectadas no sangue circulante, é o período da doença clínica.
Obs:
as microfilárias de Dipetalonema
reconditum passam por
um processo semelhante, mas o hospedeiro intermediário é a pulga (Ctenocephalides
felis) ou o piolho (Heterodoxus spiniger).
Sinais e sintomas –
Nos cães, pode ser observada uma mudança no
comportamento, podendo mostrar agitação ou apatia. Ocorre perda de peso, há
intolerância ao exercício, ascite, edema dos membros, síncope, dispneia e tosse
com hemoptise (expectoração de sangue proveniente dos pulmões), caso haja
tromboembolismo pulmonar. Pode desenvolver ascite (líquido na cavidade
abdominal).
Nos gatos os sintomas são mais agudos, geralmente
levando à morte súbita sem que o dono detecte qualquer sintoma.
Diagnóstico
–
A infecção por
dirofilária em cães pode ser diagnosticada através de vários testes de detecção
de antígenos ou pela observação de microfilárias no sangue. Os antígenos irão
aparecer no sangue após cinco meses da inoculação das larvas de terceiro
estágio (L3). As microfilárias de D.
immitis começam a aparecer na circulação cerca de seis meses e meio após a
exposição do cão às picadas dos mosquitos infectados. Assim, durante o período
pré-patente, as microfilárias podem não ser detectadas em amostras de sangue de
um cão infectado.
No caso de dirofilariose
grave, as alterações presentes nas radiografias torácicas são patognomônicas,
ou seja, específicas da doença. A radiografia é o exame que fornece a maior
quantidade de informações relativas à gravidade da doença.
Radiografia mostrando o aumento de tamanho do coração em um cão
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAUaIAJ/dirofilariose-caes?part=3
A ecocardiografia deve ser utilizada em
associação com outros métodos diagnósticos. Através dela, é possível detectar o
aumento do coração direito como também parasitas adultos, pois estes são
bastante ecogênicos.
Tratamento –
Diferentes anti-helmínticos são usados para
atingir três diferentes estágios parasitários de D. immitis: vermes adultos em artérias pulmonares e no lado direito
do coração, microfilárias na circulação sanguínea e larvas dos mosquitos
migrando através dos tecidos até o coração.
A terapia adulticida em gatos normalmente está
reservada para animais em condições estáveis.
O tratamento profilático
deve ter início entre as 6 a 8 semanas de idade em regiões endêmicas ou, em
regiões não endêmicas, 1 mês antes e 1 mês depois da época do mosquito.
Prevenção -
A dirofilariose é uma doença grave, podendo ser
potencialmente fatal para diversos animais. Sua prevenção, porém, é muito fácil
de ser realizada devido à disponibilidade de fármacos profiláticos seguros,
efetivos, convenientes e fáceis de serem administrados. Pode ser através de
administração mensal oral ou tópica de uma lactona macrocíclica de liberação
lenta. Também é importante:
·
Controle de mosquitos com utilização de
inseticidas.
·
Em áreas endêmicas, pode-se prevenir a
infecção dos cães por Dirofilaria immitis mediante tratamento destes,
antes do início da estação de mosquitos e de forma continua durante dois meses,
com a finalidade de destruir as larvas infectantes.
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A prevalência da dirofilariose depende da
distribuição dos mosquitos transmissores. O controle dos mosquitos, embora
invisível para o público e para a maioria dos médicos veterinários, ainda tem
um grande papel na manutenção dos baixos níveis de infecção do verme do coração
que de outra forma existiriam.
A frequência da infecção
está relacionada aos sinais básicos e estilo de vida do animal.
Referências –
Bowman,
Dwight D.
Georgis –
Parasitologia veterinária / Dwight D. Bowman [e colaboradores]
Rio de
Janeiro : Elsevier, 2010
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/lab_zoonoses/index.php?p=5564
http://www.scalibor.pt/Parasitas-doencas-e-prevencao/A-dirofilariose-canina.aspx
https://saudepublica.wordpress.com/arquivo/zoonoses/
http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf12_2014/70-78.pdf
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/8vOsNxB3Yff5Dez_2013-6-27-15-28-46.pdf
http://tudosobrecachorros.com.br/2012/04/dirofilariose-parasita-coracao.html
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