segunda-feira, 11 de julho de 2016

INTOXICAÇÕES - BOVINOS

TEMA 1: PLANTAS TÓXICAS

http://www.ruminantes-vcm.fmvz.usp.br/samambaia.html

BOVINOS – a visão de intoxicação em bovinos difere das que ocorrem em cães e gatos, pois geralmente envolvem questões econômicas e afeta a pecuária. Poucos são criados como animais de estimação; normalmente são destinados à produção e/ou abate, e perdas diretas (morte do animal, abortos, infertilidade, malformações) e perdas indiretas (controle das plantas tóxicas das pastagens, medidas de manejo, pastoreio alternativo, compra de animais para substituição de animais mortos, gastos associados a diagnóstico e tratamento de animais afetados) vão exigir investimento financeiro e, consequentemente, afetar os negócios dos pecuaristas.

Alguns fatores podem levar o animal à procura por plantas tóxicas:

ü Fome: é o principal fator pelo qual o animal ingere plantas tóxicas.
ü Sede: quando um animal ingere muita água, ele perde a palatabilidade, fazendo com que coma uma planta tóxica não palatável, sem a percepção do seu gosto.
ü A superlotação, época de seca, inverno, inundação e queimadas levam à escassez de alimento e à falta de opção do mesmo, o que leva o animal a comer o que tiver disponível.
ü Palatabilidade: plantas que, mesmo com outros tipos disponíveis, são consumidas pelo seu gosto palatável.
ü Desconhecimento: geralmente ocorre com animais que são colocados em ambientes novos, onde não conhecem as plantas locais. Como exemplo, tem-se a Baccharis coridifolia (conhecida como Mio-mio).

Há uma variedade de plantas nas quais podem trazer problemas aos bovinos. Seguem algumas delas: 

*      SAMAMBAIA
http://www.vfthomas.com/checklistsMDI/Tracheophyta_monilophytes/familiarferns%20(in%20prep.).htm

Nome científico: Pteridium aquilinum.
Outros nomes populares: Samambaia-do-campo, samambaia-das-taperas
Princípio ativo: glicosídeo cianogênico.
Parte tóxica: todas as partes da planta.

Dada a sua importância como infestante em pastagens e florestas e seu uso como alimento, é a planta com a maior importância econômica. É ausente em zonas áridas e sub-áridas.
Para causar um quadro de intoxicação aguda (rara nos bovinos), precisa ser ingerida dose acima de 10g/Kg por dia, por pelo menos um ano. Os sinais e sintomas variam de acordo com o tempo de ingestão da planta. Há três tipos importantes de doenças causadas pela samambaia e os sintomas são variados. São elas:

- Diátese hemorrágica: as manifestações clínicas aparecem por volta de três a oito semanas após a ingestão da planta. Podem causar hemorragias na pele e nas mucosas e sangramento pelos orifícios naturais, e diarreia com sangue.

- Hematúria enzoótica: ocorre em áreas onde há exposição continuada da planta e as manifestações clínicas aparecem lentamente. O curso da doença dura diversos anos. O animal pode apresentar sangue na urina, anemia e perda de peso. Acomete, geralmente, animais com mais de dois anos de idade.

- Carcinoma do trato digestivo superior: a ingestão da planta pode levar a formação de tumores no trato digestivo que causa obstrução, a qual leva a tosse, regurgitamento, timpanismo, diarreia e perda de peso acentuada. Acomete bovinos com mais de cinco anos de idade.

*      ERVA-DE-RATO
http://paulicoureamarcgravii.blogspot.com.br/2015/03/palicourea-marcgravii.html

Nome científico: Palicourea marcgravii.
Outros nomes populares: Cafezinho, Café-bravo, Roxinha, Vick.
Princípio ativo: ácido fluroacético.
Parte tóxica: folhas e frutos.

http://www.genetatuape.com.br/site/intoxicacoes-por-plantas-parte-1-cafezinhoerva-de-rato/#.V3-eitIrI1M

É a principal planta tóxica do Brasil. Encontrada em pastagens velhas e abandonadas, beira de estradas e campos degradados. Basta 1g/Kg para intoxicar um animal.
A ingestão das folhas e frutos pode levar a “Síndrome da Morte Súbita”, que apresenta as seguintes manifestações clínicas: dificuldade em manter a postura, tremores musculares, quedas, aumento da frequência respiratória, pulso venoso positivo (sente-se as veias pulsarem), cabeça em opistótono (Fig. 1), movimentos de pedalar, mugidos constantes e convulsões (única ou várias), levando à morte.

*      SORGO
http://www.noticiasdocampo.com.br/site/sorgo-granifero-da-embrapa-tera-lancamento-regional-em-mato-grosso/

Nome científico: Sorghum sp.
Outros nomes populares: Milho-zaburro, Vassoura, Sorgo-selvagem.
Princípio ativo: glicosídeo cianogênico.
Parte tóxica: folhas.

Sorgo é o quinto mais importante cereal do mundo. Foi introduzido no Brasil em meados de século XX, tendo como principais regiões produtoras Goiás e Minas Gerais. É usado na alimentação animal ou humana, dependendo do país. A planta do sorgo se adapta a vários ambientes, principalmente sob condições de deficiência hídrica, desfavoráveis à maioria de outros cereais.
Possui ácido cianídrico; ocorre a absorção rápida no tubo digestivo e a distribuição para tecidos e corrente sanguínea.
Pode levar um animal a morte quando a planta se encontra nas seguintes condições:
- é tóxica na sua fase de rebrota;
- plantas jovens com menos de 20 cm de altura;
- plantas com menos de 7 semanas de plantadas.
A ingestão das folhas pode causar respiração ofegante, tremores musculares, excitação, salivação excessiva, convulsão, midríase (pupilas dilatadas).  

*      ERVA-DE-SÃO-TIAGO
http://fotos.sapo.cv/anasabreu/tags/ervas/?listar=poucas&ordenar=maisantigas&pagina=2

Nome científico: Seneceo jacobaea L.
Outro nome popular: Tasneira.  
Princípio ativo: alcalóides pirrolizidínicos.
Parte tóxica: todas as partes da planta.

São encontradas em lugares úmidos, prados, margens de campos, clareiras amplas e caminhos.


https://www.google.com.br

Sua ingestão pode causar cólicas abdominais, ascite (acúmulo de líquido no abdômen), cirrose hepática (consumo crônico) e icterícia, vômitos. 

*      MANDIOCA BRAVA
https://www.google.com.br

Nome científico: Manihot esculenta.
Outros nomes populares: Maniva, Castelinha, Macaxeira, Maniveira, Mandioca-amarga, Mandioca-mansa.
Princípio ativo: glicosídeo cianogênico.
Parte tóxica: raiz e folhas.

É uma planta originária do Brasil, sendo que o seu cultivo precede o descobrimento, pois foram encontradas pelos portugueses nas roças indígenas. Além de ser colhida o ano todo, é uma planta rústica que não necessita de adubação tão pesada como a produção de milho; se adapta em solos pobres e apresenta excelente aceitação pelos animais.
Na alimentação animal, pode ser fornecida nas mais variadas formas: raízes frescas, restos de cultura ou parte aérea (hastes e folhas) e subprodutos sólidos (cascas, entrecascas, descartes e farelos).
A ingestão das partes tóxicas da planta pode causar salivação excessiva, fraqueza, agitação, confusão mental, espasmos musculares e convulsões. No início, as mucosas ficam hipercoradas; depois se tornam cianóticas (azuladas). Também podem causar dificuldade para respirar e até mesmo parada respiratória. 

*      CHUMBINHO
http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=1829

Nome científico: Lantana camara.
Outros nomes populares: Amendoim-de-grilo, Camará.
Princípio ativo: triterpenos.
Parte tóxica: folhas.

O chumbinho é uma planta pouco exigente em termos de fertilidade dos solos, possuindo sementes com grande poder germinativo que lhe permite florescer durante todos os meses do ano, em praticamente todos os estados brasileiros. Possui cheiro semelhante ao da erva-cidreira, e flores mutáveis, de cor amarela, branca, alaranjada ou rósea. É uma planta resistente a geada.
A ingestão das folhas pode causar apatia, anorexia, midríase (pupilas dilatadas), edema (inchaço) de face e membros, fezes moles e com sangue, salivação abundante e urina de cor escura. Também pode causar lacrimejamento e fotossensibilização (sensibilidade à luz).  

*      BRAQUIÁRIA
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAet18AE/trabalho-toxicologia-alan

Nome científico: Brachiaria decumbens.
Outros nomes populares: Decumbens, Braquiarinha.
Princípio ativo: saponinas esteroides.
Parte tóxica: folhas e colmos.

As gramíneas do gênero Brachiaria são largamente utilizadas em pastagens na América Tropical. Possui boa resistência ao sombreamento, tolera bem solos ácidos, responde bem a adubação, muito produtiva em solos férteis, não tolera áreas inundadas.
As braquiárias são os capins mais plantados no país, sendo utilizado nas fases de cria, recria e engorda dos animais. Tem boa palatabilidade e digestibilidade.
A ingestão das partes tóxicas da planta pode causar edema de face com formação de crostas ao redor dos olhos e orelhas, queimaduras cutâneas, icterícia, opacidade de córnea, secreções nasal e ocular. Quando os animais são expostos ao sol, apresentam inquietação e balançam a cabeça e as orelhas. 

https://www.google.com.br

A prevenção e controle de plantas tóxicas nos pastos e arredores são essenciais para assegurar a saúde dos animais e para não haver prejuízos financeiros ao pecuarista. Nem sempre é possível erradicar a planta do ambiente, mas um bom manejo dos animais (evitando a concentração destes em espaços pequenos, o que causa escassez e falta de variedade de alimento, por exemplo) faz com que a ingestão proposital ou acidental não seja feita em quantidade perigosa para a saúde do animal.
O profissional deve conhecer bem as características das plantas, sua sazonalidade, predominância quanto ao clima e solo e seu principal princípio ativo, Isso ajudará a ter um diagnóstico mais acertado e aplicar um tratamento adequado, quando couber.


‘A Natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as sua folhas” – Johann Goethe


Referências –

http://www.genetatuape.com.br/site/intoxicacoes-por-plantas-parte-2-plantas-cianogenicas/#.V3-OwdIrI1M
http://www.genetatuape.com.br/site/intoxicacoes-por-plantas-parte-1-cafezinhoerva-de-rato/#.V3-eitIrI1M
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/conservacao-de-forragens/ha-realmente-risco-de-intoxicacao-durante-a-ingestao-de-plantas-de-sorgo-6497/
www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/zootecnia
http://www.sementesglobal.com.br/sementes/gramineas/brachiaria-decumbens.html
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/810752/1/BP33.pdf
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/conservacao-de-forragens/mandioca-uma-alternativa-como-recurso-forrageiro-8199/




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