quarta-feira, 8 de junho de 2022

                       CONJUNTIVITE EM CÃES

 Fonte: https://petfriends.com.br/conjuntivite-canina/

  A conjuntiva ocular é uma membrana mucosa delgada que reveste as pálpebras e a porção exposta da esclera. É dividida em três partes anatômicas, contínuas uma a outra: conjuntiva palpebral (reveste as pálpebras), conjuntiva bulbar (reveste o bulbo ocular) e conjuntiva nictitante (reveste a terceira pálpebra). É composta de epitélio escamoso estratificado não queratinizado e substância própria. A conjuntiva é extremamente móvel, menos no limbo e nas margens palpebrais, e apresenta vasos estreitos, ramificados e tortuosos em sua natureza.

Algumas funções da conjuntiva são: a prevenção do ressecamento corneal, o aumento da mobilidade palpebral e atua como uma barreira para microrganismos e corpos estranhos.

Esquema do olho canino

Fonte: https://www.cpt.com.br/artigos/olhos-dos-animais-domesticos-voce-sabe-qual-a-funcao-das-palpebras

 

A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva. As três reações mais comuns da conjuntiva são hiperemia (vermelhidão que ocorre pela dilatação dos vasos sanguíneos), quemose (inchaço do tecido que recobre as pálpebras; edema conjuntival) e secreção ocular.

É importante saber a localização anatômica da hiperemia para diferenciar uma conjuntivite superficial de processos inflamatórios intraoculares mais graves. A hiperemia pode ou não estar presente.  A córnea não é afetada e a pressão intraocular é normal.

A quemose* é mais notável no processo de conjuntivite aguda, quando o inchaço ou edema da conjuntiva pode ser mais grave.

A secreção ocular é muito comum na conjuntivite. Pode ser serosa, mucoide ou catarral (conjuntivite folicular), mucopurulenta ou purulenta.

A natureza da epífora** vai apontar o tipo/causa da conjuntivite e, assim, indicar o tratamento correto.

 Olho de um cão com secreção purulenta devido a conjuntivite

Fonte: https://animais.culturamix.com/doencas/perigos-da-conjuntivite-canina

*Quemose - edema na conjuntiva, que pode ou não estar associado com inflamação no olho.

**Epífora - patologia ocular caracterizada por um extravasamento do filme lacrimal pela região subocular, causando conjuntivites recorrentes, dermatites, fistulações e mancha suboculares importantes. Pode ocorrer por anomalias congênitas ou condições adquiridas as quais provocam um estreitamento ou obstrução em algum nível do sistema excretor lacrimal. 

Olho de um cão apresentando epífora

Fonte: https://caoegatoetudodebom.com.br/como-tratar-mancha-escura-na-pele-do-olho-do-cachorro-branco/

Sinais e sintomas –

Além da hiperemia, quemose e secreção ocular, há outros sinais clínicos como a hemorragia, blefarospasmos (contrações involuntárias da pálpebra), formação de folículos, prurido, inchaços anormais e hemorragia subconjuntival.

A dor e a fotofobia são, normalmente, mínimas.

Diagnóstico –

Após exames (hemograma e urinálise) para determinar o estado geral da saúde do animal, são necessários exames oftalmológicos, onde é examinada a opacidade do cristalino, lacrimejamento e pressão intraocular (PIO), bem como exame de fundo de olho.

Diagnóstico diferencial

         Conjuntivite primária: de origem viral, bacteriana, alérgica, tóxica ou química.

        Conjuntivite secundária: à doença adnexal, à doença corneal (ceratoconjuntivite seca ou ulceração), à doença retrobulbar, blefaropatias (entrópio, ectrópio e fundo-de-saco exagerado), doenças dos cílios (distiquíase e cílios ectópicos) e doença sistêmica (incluindo doença dentária).

Métodos diagnósticos*** –

Teste de Schirmer em cão

Fonte: https://www.unoeste.br/noticias/2014/3/hv-promove-campanha-sobre-a-doenca-do-olho-seco-em-caes

• Exame oftalmológico completo (teste lacrimal de Schirmer) — excluir ceratoconjuntivite seca.

• Coloração com fluoresceína — descartar ceratite ulcerativa.

• Mensuração da pressão intraocular — excluir glaucoma.

• Exame em busca de sinais de uveíte anterior (p. ex., hipotonia, rubor aquoso e miose).

• Exame detalhado dos anexos — descartar anormalidades das pálpebras e dos cílios, bem como corpos estranhos nos fundos-de-saco (fórnix) conjuntivais ou sob a membrana nictitante.

• Lavagem com irrigação nasolacrimal — considerada para descartar doença nasolacrimal.

• Cultura bacteriana aeróbia e antibiograma — em casos de secreção mucopurulenta; as amostras são idealmente coletadas antes de se instilar qualquer coisa nos olhos (p. ex., anestésico tópico, fluoresceína e irrigação) para evitar a inibição ou a diluição do crescimento bacteriano; exames não indicados com rotina em casos de ceratoconjuntivite seca e secreção mucopurulenta, pois a proliferação bacteriana secundária é quase incontestável.

• Citologia conjuntival — pode revelar a causa (raro); o encontro de eosinófilos e basófilos podem ajudar a diagnosticar conjuntivite alérgica e eosinofílica, mas essas células raramente são observadas em casos de conjuntivite alérgica, exceto à biopsia; como indicadores de infecção bacteriana, podem-se observar neutrófilos degenerados e bactérias intracitoplasmáticas; podem-se verificar corpúsculos de inclusão (intracitoplasmáticos em casos de envolvimento do vírus da cinomose).

• Biopsia conjuntival — pode ser útil em casos de lesões expansivas (tipo massa) e doenças imunomediadas; pode auxiliar na obtenção do diagnóstico definitivo em casos de doença crônica.

• Teste cutâneo intradérmico — pode ter utilidade na suspeita de conjuntivite alérgica.

***retirado na íntegra do livro Consulta Veterinária em 5 Minutos - 5ª edição - Tilley e Smith Jr. – pg. 262


Tratamento –

Aplicação de colírio em cão

Fonte: https://inovaveterinaria.com.br/ulcera-de-cornea-em-caes/

        O tratamento vai depender de alguns fatores, como o tipo de secreção apresentada no olho do animal, por exemplo.

Nos casos em que a secreção é catarral, recomenda-se a higiene do olho, várias vezes ao dia. Se houver suspeita de alguma infecção (ou para preveni-la) pode ser usado colírios antissépticos à base de amônios quaternários ou de antibióticos de amplo espectro.

Quando a secreção e mucosa (conjuntivite folicular), o tratamento consiste na destruição dos folículos (por curetagem, por exemplo), e a aplicação de colírios ou pomadas oftálmicos, durante 7 a 10 dias, várias vezes ao dia. Observação: alguns oftalmologistas não recomendam a retirada dos folículos por estes representarem um meio de defesa ocular, somente sendo retirados em casos muito graves.

Já nos casos do animal apresentar secreção mucopurulenta ou purulenta, recomenda-se a administração de colírios à base de antibióticos de amplo espectro ou de associações de antibióticos, tais como cloranfenicol, neomicina, polimixina B, gentamina, entre outros. Em caso de insucesso, é necessário exame microbiológico, micológico e antibiograma para um diagnóstico mais preciso.

Quando há suspeita de ceratoconjuntivite por defeito lacrimal, o teste de Schirmer assegura o diagnóstico.

          Em casos onde há suspeita de dermatopatias e/ou alergia alimentar subjacentes, recomenda-se uma dieta de eliminação (hipoalergênica).

 

Nota: é interessante saber que existem raças de cães com predisposições a problemas oculares de origem congênita ou adquirida. Shar pei, Bulldog, Rottweiler, Chow chow, entre outras raças, podem desenvolver alterações nas pálpebras e prolapso da glândula da terceira pálbebra (aparece uma bolinha vermelha no canto interno do olho), necessitando de tratamento cirúrgico. Raças de focinho curto e olhos salientes (braquicefálicos), tais como Pug, Shih tzu, Lhasa apso, Pequinês e Maltês podem desenvolver úlceras de córnea. Já as raças Cocker spaniel, Poodle, Beagle e Bulldog tem predisposição a lágrima ácida (lágrima em quantidade e qualidade inadequadas).


Não medique o animal!!!

Ele deve ser levado a uma clínica veterinária quando houver suspeita da doença. O tratamento correto será prescrito pelo médico veterinário.

 

Referências –

MORAILLON, R. Manual Elsevier de Veterinária : diagnóstico e tratamento de cães, gatos e animais exóticos / Robert Moraillon, Yves Legeay, Didier Boussarie, Odile Sénécat - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.

TILLEY, LARRY P. Consulta veterinária em 5 minutos: espécies canina e felina / Larry Patrick Tilley, Francis W. K. Smith Junior- 5. ed. -- Barueri, SP : Manole, 2015.

TURNER, SALLY M. Oftalmologia em pequenos animais / Sally M. Turner – Rio de Janeiro : Elsevier, 2010

https://petfriends.com.br/conjuntivite-canina

https://www.pubvet.com.br/artigo/2337/tratamento-ciruacutergico-da-epiacutefora-crocircnica-em-animais-de-companhia

https://www.portalsaofrancisco.com.br/saude/quemose


quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORONAVÍRUS EM GATOS – É TRANSMISSÍVEL AO HOMEM?


Fonte: https://qcanimais.com.br/fralda-para-gato-para-que-serve-confira-dicas/

Antes de sabermos sobre o coronavírus que infecta os gatos, vamos a seguinte pergunta: este vírus é transmitido do animal para o homem?

Assim como vários animais, os gatos também podem ser infectados com o coronavírus, mas saiba que o subtipo que afeta os felinos não é o mesmo responsável pelo COVID-19, em humanos.
Presente em diversos países, o COVID-19 causa uma enfermidade que não é uma zoonose transmitida por cães, gatos ou outros animais (exceto pelos morcegos) – o que faz com que não possamos relacionar a presença do coronavírus em animais ao problema em seres humanos.

Ver também: https://bemestaranimalvet.blogspot.com/2020/03/coronavirus-em-caes-e-transmissivel-ao.html

O coronavírus felino (CoVF) é um vírus de RNA de fita positiva, altamente infeccioso, da espécie Alphacoronavirus 1 do gênero Alphacoronavirus pertencente à família de vírus Coronaviridae.  O alfacoronavírus 1 também inclui o coronavírus canino (CoVC) e o coronavírus da gastroenterite transmissível porcina (TGEV). Possui duas formas diferentes: o FECV (coronavírus entérico felino) que infecta os intestinos e o FIPV (vírus da peritonite infecciosa felina) que causa a doença peritonite infecciosa felina (PIF).
Locais com grande número de animais (gatis, por exemplo) é fator de risco para o desenvolvimento de casos de peritonite infeciosa felina (existe o risco de mutação do vírus para FIPV). Porém, a PIF desenvolve-se principalmente em gatos cuja a imunidade é débil (gatinhos, gatos mais velhos em idade, devido à imunossupressão viral (Retroviridae) FIV (vírus da imunodeficiência felina) e/ou também FELV (vírus da leucemia felina). 

Coronavírus
Fonte: https://www.trespm.mx/eco/pet-s/el-coronavirus-puede-afectar-a-los-perros


Coronavírus entérico felino (FECV)

O coronavírus entérico felino é responsável por uma infecção das células epiteliais gastrointestinais maduras. Esta infecção intestinal tem poucos sinais externos e geralmente é crônica.
Gatos que vivem em grupos podem se infectar com diferentes cepas do vírus durante visitas a uma bandeja de areia comum. Alguns gatos são resistentes ao vírus e podem evitar infecções ou até se tornar portadores, enquanto outros podem se tornar portadores de FECV. Os portadores podem curar-se espontaneamente, mas a imunidade adquirida pode ser curta e eles podem se infectar novamente dentro de algumas semanas, se estiverem vivendo em um grupo com portadores excretores saudáveis, mas persistentes. Alguns gatos nunca se curam e a fase excretora permanece permanentemente.
Gatinhos nascidos de mães portadoras de FECV são protegidos contra infecções durante as primeiras semanas de vida até serem desmamados por anticorpos maternos. Recomenda-se que os filhotes sejam desmamados precocemente e segregados da mãe antes de se infectarem (cerca de 5 a 6 semanas). Gatinhos sem contaminação externa e privados de contato com a mãe durante os primeiros 2 meses de vida (um importante período imunológico) podem ser protegidos.

Vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV) e peritonite infecciosa felina

O vírus se torna vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV) quando ocorrem erros aleatórios no vírus que infectam um enterócito, causando a mutação do vírus de FECV para FIPV. O FIPV causa uma doença letal e incurável: a peritonite infecciosa felina (PIF).
Em estado natural, os gatos são animais solitários e não compartilham espaço (áreas de caça, áreas de descanso, locais de defecação, etc.). Gatos domésticos que vivem em um grupo, portanto, têm um risco epidemiológico muito maior de mutação.

Transmissão –

O coronavírus felino geralmente é eliminado nas fezes por gatos portadores saudáveis ​​e transmitido pela via fecal-oral a outros gatos. Em ambientes com vários gatos, a taxa de transmissão é muito maior em comparação aos ambientes de gato único.
FECV - Alguns gatos são resistentes a este vírus e não desenvolvem nenhuma infecção, enquanto outros serão portadores por algum tempo. Podem curar-se espontaneamente, mas a imunidade adquirida é curta. Caso vivam num grupo onde existam excretores (portadores saudáveis), podem contaminar-se novamente.
           
PIF - As partículas virais causadoras da PIF possam sobreviver em secreções secas por até 7 semanas. Estudos epidemiológicos sugerem o seguinte:
            • Alguns gatos saudáveis, soropositivos ao coronavírus, eliminam o vírus.
• Gatos soronegativos geralmente não eliminam o vírus.
• Filhotes geralmente não se infectam por coronavírus por via transplacentária.
• Anticorpos maternos contra o coronavírus desaparecem por volta de 4 a 6 semanas de idade.
• Os filhotes apresentam maior probabilidade de serem infectados pelo contato com outros gatos do que com seus progenitores após a diminuição dos anticorpos maternos.
• Anticorpos são desenvolvidos por volta de 8 a 14 semanas de idade após a infecção natural por coronavírus.

Sinais e sintomas –

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/528047125040260188/

O coronavírus entérico felino produz uma gastrenterite leve e do tipo crônica. Muitos gatos são resistentes e são somente portadores, embora o vírus tem a capacidade de mutar dando lugar à peritonite infeciosa felina.
A peritonite infeciosa felina pode apresentar-se de duas formas distintas: a forma seca ou a forma úmida
A forma seca (ou não efusiva) do vírus afeta vários órgãos, pelo que se produz uma grande variedade de sintomas; lesões piogranulomatosas ou granulomatosas podem se desenvolver em múltiplos tecidos, particularmente nos olhos, cérebro, rins, omento e fígado. Podem ocorrer lesões no sistema nervoso central e ocular. O seu início é insidioso, observa-se perda de peso, depressão, anemia, febre e a acumulação de líquido tende a ser mínima. À palpação sentem-se as irregularidades das vísceras ou linfadenopatias mesentéricas. As lesões no pulmão podem manifestar-se como pneumonia granulomatosa com tosse persistente sem se notar a dispneia.
Podem apresentar sinais neurológicos, tais como paresia posterior e ataxia que progride para tetraparesia, e sinais oculares, tais como uveíte anterior (iridociclite com pupila miótica), hipópio, hifema, edema corneal.
O curso clínico é mais prolongado nesta forma de doença do que na úmida, mas são poucos os gatos que sobrevivem mais de um ano.
Na forma úmida (ou efusiva) produzem-se fluídos em cavidades corporais, como no caso do peritônio e a pleura; se caracteriza por uma vasculite gerada por imunocomplexos e o consequente extravasamento de proteínas séricas para o espaço pleural, cavidade peritoneal, espaço pericárdico e espaço subcapsular dos rins, causando aumento progressivo do abdômen, sendo esta a manifestação clínica mais comum.
A extensão da inflamação a outros órgãos pode produzir sinais de alteração hepática, como a icterícia, vômitos, períodos flutuantes de diarreia e obstipação. Além disso, nódulos linfáticos aumentam de volume, e os rins crescem de forma irregular.
É a forma mais fulminante da doença, com um início mais rápido e curso clínico mais curto. O tempo de vida desde o início da doença é de 5 a 7 semanas.
Ambas as formas, quer a úmida, quer a seca, apresentam sintomas em comum febre, inapetência e a letargia.

Diagnóstico –

O vírus causador da FEVC pode ser detectado pela reação em cadeia da polimerase (PCR) das fezes ou pelo teste de amostras retais por PCR.
Não existe um teste de diagnóstico específico para a PIF. As biópsias de tecidos afetados podem confirmar o diagnóstico, mas geralmente não são feitas devido à gravidade do animal.
Podem realizar-se os seguintes exames complementares:
·         Análises de líquido de derrame: obteremos um líquido amarelo claro a castanho avermelhado, viscoso, que coagula e é rico em fibrina.
·         Análises (hemograma, bioquímica, etc.): leucocitose por neutrófila absoluta, com ou sem desvio para a esquerda; eosinopenia e linfopenia. 40% dos gatos desenvolve anemia ligeira a moderada, normocítica e normocrómica. Hiperproteinemia devido principalmente a uma hipergamaglobulinemia policlonal. O fibrinogénio também é aumentado.
·         Serologias: a PIF pode ser diagnosticada pelo esfregaço de células do reto (legra) e pela detecção do RNA do vírus mediante PCR.

Por outra parte, os gatos podem ser testados para comprovar se estiveram expostos a um coronavírus analisando a presença de anticorpos específicos contra o coronavírus felino por ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática) e IFA (imunofluorescência). 

Tratamento –

Não há cura, seja para o coronavírus entérico (FECV), seja para a peritonite infecciosa felina (PIF).
O tratamento é sintomático à base de anti-inflamatórios e estimulantes do apetite. Os estudos realizados não demonstram nenhum benefício com antivirais.  


Prevenção -      


Fonte: https://qcanimais.com.br/fralda-para-gato-para-que-serve-confira-dicas/

            A melhor maneira de prevenir a infecção por coronavírus é evitar a exposição do animal ao vírus.
Medidas higiênicas são extremamente importantes para evitar o contágio entre os gatos, entre os quais se destaca o uso de várias caixas de areia.
Até o momento, não existem vacinas para prevenir o CoVF, mas manter os gatos dentro de casa, sem contato com animais desconhecidos, e adquirir animais em abrigos e criadouros negativos para PIF é fundamental para evitar o problema.
Segundo a Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - WSAVA, existe vacina contra PIF disponível em alguns países*, mas não há absolutamente nenhuma base científica para sugerir esta vacina.

*vacina para aplicação intranasal existente nos Estados Unidos - Primucell FIP®, Pfizer.


Felídeos não domésticos -

Há relatos de infecção com o CoVF em uma variedade de felídeos não domésticos, tais como: gatos selvagens europeus (Felis silvestris), leões (Panthera leo), tigres (P. tigris), jaguares (P. onca), leopardos (P. pardus), gatos-do-deserto (sand cat, Felis margarita), pumas (F. concolor), caracais (lince-do-deserto, Caracal caracal), servais (Felis serval), linces (Lynx lynx) no Canadá, mas não o lince eurasiano na Suécia, lince baio (bobcat, Lynx rufus) e guepardos (Acinonyx jubatus).
Como acontece com os gatos domésticos, é mais provável que o CoVF seja um problema em felídeos confinados em ambientes internos ou locais de exibição, que soltos em seu habitat natural.


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Referências –


Consulta Veterinária em 5 Minutos:  Espécies Canina e Felina 5a edição
Larry Patrick Tilley, Francis W. K. Smith, Jr.
Editora Manole

Doenças Infecciosas em Cães e Gatos / Craig E. Greene; tradução Idilia Vanzellotti, Patricia Lydie Voeux. - 4 ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015

Tratado de medicina interna de cães e gatos / Márcia Marques Jericó, Márcia Mery Kogika, João Pedro de Andrade Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Roca, 2015

https://en.wikipedia.org/wiki/Feline_coronavirus
https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/o-coronavirus-felino-mais-que-uma-gastrenterite/
https://www.petlove.com.br/dicas/coronavirus-em-gatos
https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/03/Advice-for-Veterinarians-about-Routine-Prophylactic-Vaccination-during-COVID-19-Portuguese.pdf

segunda-feira, 23 de março de 2020

CORONAVÍRUS EM CÃES – É TRANSMISSÍVEL AO HOMEM?


Fonte: https://www.tribuna.com.mx/mexico/Coronavirus-en-perros-Estos-son-los-sintomas-que-podrian-presentar--20200122-0190.html

Antes de sabermos sobre o coronavírus que infecta os cães, vamos a seguinte pergunta: este vírus é transmitido do animal para o homem?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há evidências de que os cães possam ser infectados ou transmitir a COVID-19 aos humanos. O coronavírus possui várias cepas, e o canino (CoVC) não é semelhante aos SARS (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave em humanos) ou MERS (causador da Síndrome Respiratória no Oriente Médio em humanos).
Com o objetivo de monitorar o coronavírus, um importante laboratório americano, a Idexx, publicou em seu site que desenvolveu um teste de Covid-19 para pets, já realizado em milhares de animais. A boa notícia: todos deram negativo! Isso reforça a ideia de que pets não contraem ou transmitem o vírus.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso, o coronavírus existe desde a década de 1960 e age de forma diferente em cachorros, se manifestando principalmente como uma gastroenterite, como vômitos e diarreia. O contágio acontece somente entre cães.
Portanto, não há necessidade de abandoná-los quando eles apresentarem sinais e sintomas desta virose. Basta tratar e mantê-los em repouso para melhor recuperação. E não esquecer da vacina V8, V10 ou V12, que os protege deste vírus (ou minimiza os sintomas, caso sejam infectados).

O coronavírus canino (CoVC) é um vírus RNA positivo pertencente à espécie Alphacoronavirus 1, subgênero Tegacovirus, gênero Coronavirus, família Coronaviridae, ordem Nidovirales. Foi descoberto em 1971 na Alemanha durante um surto em cães sentinelas, através do isolamento de um CoVC em fezes de cães com suspeita de enterite infecciosa.
Tem sido associado a surtos esporádicos de gastroenterite moderada em cães de todas as idades e raças, porém com maior gravidade em filhotes.
A doença ocorre com maior frequência em canis, abrigos e locais onde há convívio entre os cães. O vírus é altamente contagioso e dissemina-se rapidamente na população canina.

Coronavírus
Fonte: https://www.trespm.mx/eco/pet-s/el-coronavirus-puede-afectar-a-los-perros

Há suspeita de que a introdução inicial de COVID-19 aos seres humanos possa ter vindo de uma fonte animal; porém, a rota predominante de transmissão subsequente parece ser de humano para humano.
Estudos detalhados demonstraram que o SARS-CoV foi transmitido de civetas* para humanos e o MERS-CoV foi transmitida de camelos e dromedários para humanos.

Coronavírus respiratório canino (CoVCR) –

            É um vírus de RNA que representa uma causa emergente de doença respiratória em cães no mundo inteiro. Sua presença tende a se correlacionar com doença leve, porém ele foi detectado em surtos graves de doença do trato respiratório. A infecção com o coronavírus respiratório canino pode predispor a outras infecções bacterianas e virais. É detectável com uso de RT-PCR em amostras de lavado transtraqueal ou broncoalveolar, ou swabs de garganta.
O CoVCR pode aparecer como patógeno no caso de Doença Respiratória Infecciosa Canina – DRIC, conhecida como “Tosse dos Canis”, causando sinais respiratórios superiores descritos como “tosse leve” (apesar de ser altamente contagioso).
Atualmente não existem vacinas para prevenir essa infecção.

Patologia –

O período de incubação é de 1 a 4 dias em campo e 24h a 48h em experimentação.
Após a ingestão, o vírus invade e se replica nas células epiteliais das vilosidades do intestino delgado, com excreção nas fezes iniciando-se entre um e dois dias após a infecção. O vírus passa pelo estômago, resistindo ao pH ácido e, após a replicação no epitélio do duodeno, dissemina-se na superfície intestinal até o íleo. Não foi demonstrada a replicação do vírus no colón. O vírus pode disseminar-se aos linfonodos mesentéricos e, com isso, pode alcançar o baço e o fígado.
A infecção por coronavírus das vilosidades intestinais torna as células mais suscetíveis à infecção por parvovírus, o que torna a doença muito mais grave do que qualquer vírus separadamente.

Transmissão –

O CoVC é eliminado nas fezes de cães infectados por semanas a meses, e a contaminação fecal do ambiente é a fonte primária de sua transmissão via ingestão. No entanto, métodos baseados na PCR demonstraram que cães com a infecção natural eliminaram os vírus por até 6 meses após a doença.
Além das fezes contaminadas, o vírus pode ser encontrado em fômites, nos quais os cães entram em contato e acabam por disseminá-los.

Sinais e sintomas –
                        

Fonte: https://www.trespm.mx/eco/pet-s/el-coronavirus-puede-afectar-a-los-perros

Os sinais e sintomas se iniciam entre 1 e 4 dias após a infecção.
Os cães infectados podem apresentar início súbito de diarreia, algumas vezes precedida por vômitos. As fezes são de coloração alaranjada, de odor desagradável e, raras vezes, contém sangue. Apresentam sinais como perda de apetite e a letargia. A presença de febre não é constante. Nos casos graves, a diarreia pode tornar-se aquosa e resultar em desidratação e desequilíbrios eletrolíticos.
A infecção conjunta com outros vírus (parvovírus, adenovírus ou vírus da cinomose), bactérias ou parasitas geralmente produzem uma forma mais severa e até mesmo fatal da doença.
A maioria dos cães acometidos tem recuperação espontânea após 8 a 10 dias, quando infectados pelo CoVC.

Diagnóstico –

O diagnóstico é através da detecção de partículas virais nas fezes.
É difícil estabelecer o diagnóstico definitivo de doença induzida pelo CoVC, que pode ser detectado em fezes frescas. Sua identificação através da microscopia eletrônica necessita de amostras fecais não concentradas, o que nem sempre é possível.
O teste ELISA pode detectar o antígeno em animais com suspeita da doença.
Títulos séricos positivos desse vírus em cães acometidos podem confirmar a exposição a ele. 

Tratamento –

Fonte: https://www.infobae.com/america/mundo/2020/01/23/que-es-el-coronavirus-canino-y-cuales-son-los-sintomas-que-puede-tener-tu-perro/

O tratamento consiste em dar suporte para o cão infectado, estabilizando os sintomas e fortalecendo o sistema imunológico para que este combata o vírus, pois não há um medicamento que combata diretamente este agente.
Cães severamente afetados podem precisar de fluidos intravenosos para combater a desidratação.
É importante ter o controle de infecções bacterianas e parasitárias concomitantes, que agravam os sintomas da doença.
           
Prevenção -       

            As vacinas múltiplas V8, V10 ou V12 previnem os cães da coronavirose canina, sendo indicadas a partir de 45 dias de vida do animal (3 doses, após 21 dias da anterior), e reforço anual. Mesmo quando vacinados, os cães podem apresentar a doença, mas com gravidade menor (sintomas mais brandos).
            É de extrema importância manter o ambiente higienizado, evitando fezes expostas e o contato do cão com fezes de outros cães e possíveis fômites contaminados.
O coronavírus pode ser inativado pela maioria dos detergentes e desinfetantes comerciais.

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Curiosidade –

*Civeta - animal encontrado na Malásia, no arquipélago de Sonda e nas Filipinas. Tem hábitos noturnos e alimenta-se de frutos e de raízes diversas, bem como de serpentes, rãs, insetos, ovos e qualquer pequeno mamífero que consiga apanhar. Pode viver cerca de 14 anos em cativeiro, desde que bem tratado. Há também a civeta africana, com características e hábitos distintos da asiática.


Referências –

Greene, Craig E.
Doenças Infecciosas em Cães e Gatos / Craig E. Greene; tradução Idilia Vanzellotti, Patricia Lydie Voeux. - 4 ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015

http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/9hW6wcB73z9FvqP_2015-2-3-15-48-50.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Canine_coronavirus
https://www.bonde.com.br/pets/saiba-o-que-e-o-coronavirus-canino-e-como-proteger-seu-pet-513890.html
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/atualizacoes-sobre-doencas-respiratorias-canina.aspx#
https://saude.abril.com.br/blog/pet-saudavel/pets-podem-contrair-transmitir-coronavirus/