sábado, 7 de janeiro de 2017

INTOXICAÇÕES - ARANHAS

TEMA 2: INTOXICAÇÕES - ANIMAIS PEÇONHENTOS

ACIDENTES ARACNÍDEOS

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Aranhas são animais invertebrados pertencentes à Classe Arachnida, Ordem Araneae. Possuem um exoesqueleto de quitina (substância resistente e impermeável), onde a cabeça e o tórax são fundidos (cefalotórax ou prossoma) e de onde saem quatro pares de patas, um par de pedipalpos (funcionam como órgão sensorial) e um par de quelíceras (onde se situa o ferrão).


Anatomia da aranha
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/as-aranhas.html

Existem mais de 40.000 espécies de aranhas no mundo, sendo que no Brasil existe cerda de 4.000 espécies.

São encontradas desde buracos e frestas no solo a até locais muito altos, como em copas de árvores; de desertos a florestas úmidas; de ecossistemas totalmente preservados até o centro de grandes metrópoles. 

As aranhas, muitas vezes, não escolhem as suas vítimas; a maioria delas ataca quando se sente ameaçada por algo ou por alguém. Os animais, tanto os domésticos quanto os que vivem a pasto, estão propensos aos acidentes aracnídeos. Animais domésticos geralmente são curiosos, principalmente cães e gatos, tentando caçar ou brincar com tudo aquilo que se move próximo a eles.

Já os que vivem a pasto correm o risco de acidentes muitas vezes despretensiosos, por aproximação, sem ver a aranha.

Quase todas as aranhas produzem e armazenam secreção nas suas glândulas de veneno. Alguns gêneros são destaque em casos de acidentes, tais como Latrodectus, Loxosceles, Lycosa e Phoneutria


GÊNERO LATRODECTUS

Viúva Negra –
Viúva Negra
http://m.escolakids.uol.com.br/aranhas-peconhentas.htm

Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Theridiidae
Nome científico: Latrodectus curacaviensis
Nome vulgar: Viúva Negra

São aranhas pequenas, medindo aproximadamente 2 cm, sendo os machos bem menores que as fêmeas. Possuem o abdômen globoso e apresentam no ventre uma mancha vermelha em forma de ampulheta, que é característica desta espécie. Não são agressivas; picam somente quando são comprimidas (ao calçar um sapato, por exemplo).

         Têm atividade noturna e hábito gregário, ou seja, andam em grupos. São encontradas em vegetações arbustivas e próxima ou mesmo dentro das casas, em ambientes sombreados como frestas, sob cadeiras e mesas nos jardins.

A síndrome clínica produzida pela picada dessa aranha é denominada latrodectismo.

Manifestações clínicas: causa dor e ardência no local da picada, sem maiores consequências. Pode causar edema no local e infecção secundária, e raramente necrose superficial da pele (depende da profundidade da picada e do tecido atingido).

Diagnóstico: realizado pelas manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).

Tratamento: analgésicos orais e também medicamento tópico (pomadas, por exemplo), com ação antiinflamatória, anti-histamínica e antibiótica. Não se justifica um tratamento específico.

                                                                                                                         
GÊNERO LYCOSA

Aranha de Jardim - 
Aranha de Jardim
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/conheca-aranha-de-grama-lycosa.html

Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Lycosidae 
Nome científico: Lycosa erythrognatha ou Scaptocosa raptoria
Nome vulgar: Aranha de jardim, Aranha de grama, Aranha lobo ou Tarântula

São aranhas de corpo com coloração marrom, com 5 cm de envergadura das pernas e quelíceras com pelos alaranjados ou avermelhados. Possuem faixas claras no cefalotórax e no dorso do abdômen há um desenho preto em forma de seta. O macho geralmente é menor do que a fêmea.

Não constroem teias, e são encontradas em jardins com gramado ou perto de piscinas. Não são agressivas, mas picam caso se sintam ameaçadas ou acidentalmente, caso tocadas. Possuem veneno de ação proteolítica(*), mas pouco acentuada.

(*) promove a desnaturação de proteínas, resultando em necrose no local da picada.

Manifestações clínicas: causa dor e ardência no local da picada, sem maiores consequências. 

Diagnóstico: realizado pelas manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).

Tratamento: administração de analgésicos orais para o alívio da dor e limpeza com antissépticos no local da picada. Não há necessidade de soroterapia específica.


GÊNERO LOXOSCELES

Aranha Marrom -
Aranha Marrom
http://www.ambientalmaia.com.br/pragas_aranhas.php?height=550&width=900

Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Sicariidae 
Nome científico: Loxosceles spp  
Nome vulgar: Aranha marrom 

São aranhas muito pequenas, que chegam até 4 cm de envergadura. Não são agressivas; picam somente quando são comprimidas (ao calçar um sapato, por exemplo).

Possuem hábitos noturnos, e escondem-se em telhas, tijolos, madeiras, rodapés, caixas garagens, porões e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. Na natureza, são encontradas sob cascas de árvores, debaixo de pedras e dentro de grutas. 

Entre os gêneros de interesse médico e médico veterinário, o Loxosceles é responsável por 40% dos acidentes humanos no Brasil e apresenta veneno de elevada toxicidade. Os dados na medicina veterinária ainda são escassos, porém é observado que o número de casos em animais vem acompanhando o aumento observado na medicina humana, principalmente pelo hábito intradomiciliar atual da maioria dos animais de estimação.

A síndrome clínica produzida pela picada dessa aranha é denominada loxoscelismo, e pode desenvolver-se de duas formas:
  • cutânea: caracterizada por alterações clínicas locais, com ferida de difícil cicatrização.
  • cutâneo-visceral: apresenta alterações sistêmicas importantes, como insuficiência renal aguda e distúrbios de coagulação sanguínea, com risco de óbito.

Cão picado por Aranha Marrom
Imagem: https://www.google

Manifestações clínicas: a picada geralmente é indolor; a dor aparece nas primeiras horas após a picada, provavelmente devido à isquemia, prurido, edema, eritema e áreas de hemorragia que precedem o local da necrose. Na forma cutânea, há presença de lesão dermonecrótica.

Diagnóstico: dificilmente é baseado na identificação da aranha. É realizado pelas manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).
Diagnóstico diferencial: qualquer doença que leve à alteração cutânea e à necrose tecidual local

Tratamento: a terapia é baseada nos sinais clínicos observados. É indicada a fluidoterapia e uso de diuréticos, para evitar lesões renais mais graves. Limpezas diárias no local da picada com antissépticos, associada à antibioticoterapia sistêmica de amplo espectro. Não há tratamento específico com soro antiloxoscélico disponível para uso veterinário.


GÊNERO PHONEUTRIA

Aranha Armadeira - 
Aranha Armadeira
http://www.ambientalmaia.com.br/pragas_aranhas.php?height=550&width=900

Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Ctenidae
Nome científico: Phoneutria nigriventer
Nome vulgar: Aranha armadeira, Aranha da banana, Aranha-macaco

São aranhas agressivas, assumindo posição de defesa quando se sentem ameaçadas (ficando de pé sob as patas traseiras), podendo saltar até 40 cm de distância. Têm o corpo coberto por pelos curtos, marrons e acinzentados. No dorso do abdômen há manchas claras, formando uma faixa longitudinal, e desta seguem filas laterais oblíquas de manchas menores. O ventre da fêmea é negro e do macho é alaranjado.

As aranhas armadeiras não constroem teias, pois são errantes. Possuem hábitos crepusculares e noturnos, alojando-se em locais escuros (sob vegetação, entre folhagens de arbustos, sob troncos de árvores). Apesar de a aranha armadeira possuir comportamento noturno, muitos dos acidentes ocorrem durante o dia, em ambientes domésticos, porque elas se escondem dentro de casa, em sapatos e roupas, por exemplo. Mãos e pernas são os locais mais afetados em humanos e, no caso dos cães, a área do focinho.

Alimentam-se de muitas espécies de insetos, outras aranhas, pequenos roedores, entre outros.

O veneno desta aranha costuma agir mais rapidamente do que a da maioria das serpentes. A síndrome clínica produzida pela picada dessa aranha é denominada foneutrismo.

Manifestações clínicas: pode causar dispneia, salivação, hipotermia, midríase não responsiva, olhos parcialmente abertos, mucosas hiperêmicas, vômito, diarreia pastosa e discreta incoordenação.

Diagnóstico: realizado pelas manifestações clínicas, exame físico e histórico do animal (hábitos e ambiente em que vive ou frequenta).

Tratamento: hidratação com Ringer; administração de antiemético e analgésico. Não existe soro anti-Phoneutria para uso veterinário.


Aranha Caranguejeira - 
Aranha Caranguejeira -  Acanthoscurria geniculata
https://www.flickr.com/photos/tj-petrowski/7819429734

Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Theraphosidae
Nome científico: Acanthoscurria geniculata
Nome vulgar: Aranha caranguejeira

         Faz parte do grupo Orthognatha, subordem Mygalomorphae, onde possuem os ferrões inoculadores de veneno paralelos entre si e ao eixo longitudinal do corpo, e picam movimentando os ferrões de cima para baixo.

São aranhas grandes, que podem atingir 15 cm de envergadura, mas existem espécies que podem chegar até 30 cm (Theraphosa blondi, encontrada na América do Sul). Possuem coloração acinzentada ou marrom avermelhada.

Theraphosa blondi
http://xychromosome1234.blogspot.com.br/2014/01/the-worlds-largest-spider.html
         
         Constroem tocas, revestindo-a de teia, como uma tampa, para seu abrigo. Ficam dentro do abrigo até que uma presa passe por perto. Geralmente ficam próximas a raízes de árvores e pedras. Possuem hábitos noturnos, alimentando-se de insetos, pequenos répteis, anfíbios e até filhotes de pássaros (Theraphosa blondi).

        Ao se sentirem ameaçadas, raspam as pernas traseiras contra o abdômen, liberando cerdas urticantes, que podem causar reações alérgicas. Não são agressivas; só picam se forem molestadas ou manuseadas de forma errada. Não causam acidentes considerados graves. 

             No Brasil existem cerca de 300 espécies diferentes, com formas e tamanhos variados. São conhecidas na América do Norte por Tarântula.

          Apesar do tamanho e aspecto sinistro, as aranhas caranguejeiras não são perigosas para a espécie humana e eventualmente são criadas como animais de estimação. Já para os animais, como cães e gatos, podem chegar a óbito por inalarem os pelos que as aranhas soltam para sua própria defesa, que provocam edema no trato respiratório dos animais, matando por asfixia.

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               É importante e necessário seguir um padrão de profilaxia, para evitar tais acidentes:

→ Manter jardins e quintais limpos.
→ Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção próximos a casa.
→ Evitar folhagens densar (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) próximas a muros e paredes da casa.
→ Manter a grama aparada.
→ Manter limpos terrenos baldios vizinhos.
→ Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los.
→ Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, para impedir o trânsito de aranhas na residência.


Sempre procurar a ajuda de um médico veterinário, que saberá a dose correta dos medicamentos e o tempo ideal a serem administrados.

Você pode consultar os pontos para atendimento dos acidentes de animais peçonhentos no site www.cve.saude.sp.gov.br.

No Instituto Butantan o atendimento especializado gratuito é realizado 24 horas pelo Hospital Vital Brazil, inclusive com atendimento telefônico.
Colabora enviando informações sobre a ocorrência desses animais em sua região.
Ligue para 0800 022 1036 ou mande e-mail para sac@vitalbrazil.rj.gov.br.

Hospital Vital Brazil
Avenida Vital Brazil, 1500 – Butantã
Telefones: (11) 2627-9529 e 2627-9528
Fax: (11) 3726-7962
CEP: 05503-900 – São Paulo/SP

Para saber mais –

http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/aranhas.html
http://www.assimsefaz.com.br/sabercomo/picada-de-aranha-em-cachorro-saiba-mais
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/1016-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/animais-peconhentos-aranha/l2-animais-peconhentos-aranha/13683-descricao-da-doenca
http://npabombeiro.blogspot.com.br/2015/07/conheca-aranha-de-grama-lycosa.html
http://www.saudeanimal.com.br/1071/zoo/aracnideos/armadeira
http://www.crmvmg.org.br/cadernotecnico/75.pdf

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