sábado, 31 de março de 2018

MUCOCELE

Fonte: https://pt.slideshare.net/josiebonel/aula-digestivo-4-2010-1

A mucocele salivar consiste em um pseudocisto, que pode ser grande ou pequeno, preenchido por líquido (saliva), resultante do extravasamento da glândula salivar ou de seu ducto. As glândulas salivares são divididas anatomicamente em maiores e menores, sendo as primeiras representadas pela parótida, zigomática, mandibular e sublingual e as menores pela lingual, labial, bucal e palatina. A mucocele ocorrerá em diferentes regiões, dependendo da glândula envolvida (Figuras 1, 2 e 3). A saliva possui função de proteger a mucosa, mantendo a umidade bucal e facilitando a deglutição e a digestão dos alimentos. Também age na defesa contra micro-organismos orais por possuir alta concentração de imunoglobulinas.

Este pseudocisto não é revestido por epitélio, possuindo parede fina, por onde a saliva penetra. A saliva estimula a formação de uma parede fina de tecido de granulação. Pode medir 1 cm ou menos, e este pode passar desapercebido. Quando possui tamanho maior, pode causar o deslocamento da língua e até obstruir a cavidade oral.

São várias as causas que levam à formação da mucocele, tais como traumatismos na mucosa da bochecha ou na superfície ventral da língua, causados por mastigação de alimentos ou objetos muito duros e/ou ásperos, ou pode ter origem idiopática. Processos neoplásicos ou inflamatórios também podem levar ao aparecimento da mucocele.

A mucocele salivar é classificada de acordo com a sua localização como: mucocele cervical, mucocele sublingual, mucocele faríngea, mucocele zigomática e mucocele complexa (HEDLUND, 2002). A mucocele cervical é um acúmulo de saliva na parte profunda da região intermandibular ou da região cervical superior, enquanto a mucocele sublingual (rânula –por se parecer a “barriga” de uma rã) é formada na região sublingual, a mucocele faríngea formada no tecido adjacente à faringe e a mucocele zigomática na parte ventral da região do globo ocular e a mucocele complexa é composta por dois ou mais tipos de mucocele (HEDLUND, 2002).

Rânula é um termo usado em algumas espécies, para referir-se especificamente à mucoceIe que se origina da glândula salivar sublingual (rânula – por se parecer a “barriga” de uma rã).

Figura 1 – Glândulas salivares no cão
Fonte: http://www.smile4pets.com.br/vetsservices/doencas-das-glandulas-salivares/


Figura 2– Glândulas salivares no cão

Principais glândulas salivares no cão:
1-Parótida; 2-Mandibular; 3-Sublingual e 4-Zigomática
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/355355/


Figura 3 – Glândulas salivares no gato

Principais glândulas salivares no gato:
1-Parótida; 2-Mandibular; 3-Sublingual; 4-Zigomática e 5-Molar
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/355355/


Manifestações clínicas –

Os sinais clínicos surgem conforme a localização. Quando cervical, é notado um aumento de volume externo na área ventral do pescoço, de tamanhos variados; quando sublingual, poderá apresentar uma preensão alterada e sangramento oral, ocasionando trauma durante a mastigação; na faríngea, ocorre a angustia respiratória e disfagia; na área orofaríngea pode ocasionar um inchaço dificultando os movimentos da língua e podendo interferir na alimentação e respiração e na área zigomática ocorre o inchaço na aérea orbital, podendo causar exoftalmia e estrabismo divergente.

Os animais também podem ser assintomáticos ou apresentarem, além dos sinais acima citados, ptialismo, salivação, deslocamento da língua e dificuldades para se alimentarem.


Diagnóstico –

É feito através de anamnese, avaliação clínica e citologia aspirativa e de massa. Na citologia aspirativa, realizada com agulha fina (30 mm x 0,7 mm ou 22g) – CAAF*, geralmente é encontrado muco na cor amarelo-palha, ouro ou sanguinolento, viscoso, espesso e com aspecto de saliva. Este tipo de citologia recolhe material representativo de lesões profundas.

*CAAF – Citologia Aspirativa por Agulha Fina

Fonte: http://www.santelaboratorio.com.br/anatomia-patologica-necessidade-para-um-correto-diagnostico-2/

Na citologia de massa (biópsia), geralmente encontram-se muitos macrófagos vacuolizados e neutrófilos.


Diagnóstico  definitivo –

Coloração com ácido periódico de Schiff (PAS) – é uma técnica usada na patologia e na histologia, principalmente para a coloração de estruturas que contenham uma alta proporção de carboidratos, geralmente encontrados em tecidos conjuntivos, muco e membranas basais.

Pode ser usada para distinguir doenças de estocagem de glicogênio. O glicogênio e as mucinas são os dois maiores componentes dos hidratos de carbono. Algumas mucinas que contêm mucinas neutras na sua composição são potencialmente positivas ao PAS. As substâncias PAS-positivas coram de cor magenta.

Exemplo de coloração com ácido periódico de Schiff (PAS)
Fonte: https://www.leicabiosystems.com/pt/preparacao-das-amostras/corantes-especiais/detalhes/product/leica-periodic-acid-and-schiff-special-stain-kit/


Tratamento –

Há várias sugestões de tratamento para a mucocele, entre eles:

·        Ressecção das glândulas mandibulares e/ou sublingual e ductos;
·        Drenagem da mucocele cervical;

Drenagem de mucocele cervical
Fonte: http://www.pictame.com/user/medicinaveterinariabrasil

·        Incisão ventral cervical; dreno por 2 a 3 dias
·        Bandagem frouxa *
·        Drenagem de rânula
·        Masurpialização (incisão elíptica, sutura em tecido adjacente) **
·        Contração e cicatrização da rânula

  * utilizada após cirurgia, para proteção e estabilização.
**técnica de tratamento de certos quistos em que, após a drenagem do seu conteúdo, as paredes do quisto são suturadas à pele, mantendo-se a incisão aberta até a sua completa cicatrização, por progressiva granulação dos tecidos.

Geralmente, o recomendado é a extirpação cirúrgica das glândulas, pois é comum haver recidiva nos casos de drenagem. São administrados anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos.


Não medique o animal!!!
Ele deve ser levado a uma clínica veterinária quando apresentarem quaisquer sinais ou sintomas descritos acima. O tratamento correto será indicado pelo médico veterinário.


Referências –

William W.Carlton; M. Donald McGavin. 1998. Patologia Veterinária Especial de Thomson, 2ª edição. Editora Artmed, Porto Alegre.

http://www.smile4pets.com.br/vetsservices/doencas-das-glandulas-salivares/

https://www.leicabiosystems.com/pt/preparacao-das-amostras/corantes-especiais/detalhes/product/leica-periodic-acid-and-schiff-special-stain-kit/

http://www.fciencias.com/2014/06/26/tecnicas-de-coloracao/

https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2014/XIX%20SEMIN%C3%81RIO%20INTERINSTITUCIONAL%202014%20-%20ANAIS/GRADUACAO/Resumo%20Expandido%20Agrarias%20Exatas%20e%20Ambientais/MUCOCELE%20CANINO%20RELATO%20DE%20CASO.pdf

http://www.santelaboratorio.com.br/anatomia-patologica-necessidade-para-um-correto-diagnostico-2/

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/marsupializa%C3%A7%C3%A3o

file:///C:/Users/renat/Desktop/MV/LIVROS/revista_educacao_continuada_vol_12_No_2_2014.pdf

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