sábado, 20 de abril de 2019

SÍNDROME DE HORNER


Fonte: https://www.diagnosticoveterinario.com/sindrome-de-horner/2374


Síndrome de Horner (SH) – conjunto de sinais neuro-oftálmicos que surgem após a interrupção ou perda da inervação simpática para o globo ocular e seus anexos, de um ou ambos os olhos, causando anisocoria (com miose no olho afetado), protusão da terceira pálpebra, ptose palpebral e enoftalmia. A miose é a manifestação clínica mais evidente, seguida pela ptose palpebral.

Não existe uma causa única para a SH. Ela pode ocorrer em consequência de injúrias em qualquer parte ao longo da inervação simpática para o olho, como trauma em região cervical, osteotomia de ramo vertical da mandíbula para retirada de um osteocondroma, linfoma, carcinoma de tireóide, colocação de tubo de drenagem torácica, trauma em filhotes durante partos distócicos, entre outras.

Para saber sobre esta síndrome e seu devido tratamento, é importante entender como funciona o sistema nervoso e sua neuroanatomia.

De acordo com o critério funcional de classificação, o sistema nervoso está dividido em: sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV). A porção eferente do SNV é denominada sistema nervoso autônomo (SNA), que é subdividido em sistema simpático e parassimpático. Ambos possuem suas atividades autonômicas controladas pelo hipotálamo e em alguns casos estas são antagônicas (no olho, o sistema nervoso simpático gera dilatação da pupila - midríase, e o parassimpático provoca a contração pupilar - miose).

O sistema nervoso simpático do olho é formado basicamente por três grupos de neurônios:
·         Neurônio de primeira ordem (Pré-ganglionar)
·         Neurônio de segunda ordem (Pré-ganglionar)
·         Neurônio de terceira ordem (Pós-ganglionar) 

Desenho representando a inervação simpática para os olhos e seus anexos.


De acordo com a localização neuroanatômica da lesão primária, a SH pode ser classificada como:

1)     de Primeira Ordem - Quando a lesão primária atinge o neurônio pré-ganglionar de primeira ordem, tais como hipotálamo (trauma crânio-encefálico), tronco encefálico (síndrome vestibular central) e medula espinhal cervical - C1-C5 (doença do disco intervertebral cervical, trauma medular cervical)
2)    de Segunda Ordem - Quando a lesão primária atinge o neurônio pré-ganglionar de segunda ordem em algum ponto de seu trajeto, tais como medula espinhal torácica cranial - T1-T4 (espondilomielopatia cervical caudal, neoplasias), plexo braquial (avulsão), cadeia simpática - mediastino cranial (timoma) e tronco braquiocefálico (feridas por mordedura, iatrogênico)
3)    de Terceira Ordem - Quando a lesão primária atinge o neurônio de terceira ordem (pós-ganglionar), ocasionada por síndrome vestibular periférica (as fibras nervosas simpáticas para os olhos passam pela orelha média), neoplasias e pólipos nasofaríngeos e por abscessos retrobulbares.


Sinais clínicos –

Qualquer lesão que ocorra ao longo desta via pode interromper a inervação das quatro estruturas oculares envolvidas na síndrome:

1) Músculo dilatador da pupila – Promove midríase (dilatação pupilar) mediante estimulação simpática (Ex.: medo) ou perante diminuição ou ausência de estímulo luminoso. Causa anisocoria, com miose no olho afetado.
2) Terceira pálpebra – A atividade simpática normal mantém a terceira pálpebra retraída no canto medial do olho. Causa protusão da terceira pálpebra.
3) Músculo de Müller – Compreende a musculatura lisa localizada na pálpebra superior. Causa ptose palpebral.
4) Músculos lisos da órbita – O estímulo simpático mantém o tônus da musculatura lisa periorbital, permitindo posicionamento óptico normal dentro da órbita. Causa enoftalmia (retração do globo ocular em sua órbita), devido a atonia do músculo liso periorbital.

Em alguns casos, pode ser observado um aumento da temperatura da face e da região do pavilhão auricular externo.

A SH causada por lesão nos neurônios de primeira ordem invariavelmente é associada com outros déficits neurológicos como ataxia, paresia, plegia, deficiências visuais, alteração no estado mental e envolvimento de outros nervos cranianos.

Cão com avulsão do plexo braquial e síndrome de Horner do lado esquerdo. Note a miose, discreta protrusão da terceira pálpebra e discreta ptose palpebral e enoftalmia do lado afetado.
Fonte: http://oftalmologiavet.blogspot.com/2013/04/sindrome-de-horner-em-caes-e-gatos.html


Diagnóstico –

O diagnóstico da SH deve incluir exames físico, neurológico, oftalmológico, otoscópico e exames de imagem. Os resultados das avaliações física e neurológica indicarão quais os outros testes diagnósticos úteis na tentativa de definir o local e a causa da lesão.

Radiografias torácicas, cervicais e de coluna devem ser realizadas, e exames de imagem avançados devem ser considerados quando se suspeitar de lesões de primeira ou segunda ordem, para excluir a presença de tumores cervicais ou mediastinais, que são causas comuns em cães e gatos.

A técnica de testar a hipersensibilidade por denervação utilizando fenilefrina é fácil, consistente e deve ser realizada em casos onde a causa não pode ser determinada.  Faz-se com uma concentração diluída na proporção 1:10 de colírio de fenilefrina 10% para 10mL de solução fisiológica estéril em uma seringa. Aplica-se uma a duas gotas da solução diluída nos dois olhos. No olho sadio essa solução não induz dilatação pupilar. Em um olho que apresenta SH de terceira ordem, a dilatação pupilar vai ocorrer em até 20 minutos após aplicação. Caso não ocorra dilatação pupilar em até 20 minutos, a lesão é pré-ganglionar.


Prognóstico e tratamento -

A reversibilidade do processo está relacionada com a causa e gravidade da injúria neurológica. Pela sua localização, lesões de neurônio motor superior também são acompanhadas de outros déficits neurológicos importantes, e tem um prognóstico pobre. Lesões que destroem o gânglio cervical cranial são permanentes.

A acupuntura pode ser utilizada no tratamento de SH idiopática, com resultado favorável.


Referências –

http://bahr-bituricos.blogspot.com/2007/12/sndrome-de-horner-em-pequenos-animais.html
https://www.passeidireto.com/arquivo/28016807/a-sindrome-de-horner
http://www.clinicadoctorvet.com.br/sindrome_horner_67.html


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